Atualizado em 28/03/2025.
A lagarta-das-folhas, cientificamente conhecida como Spodoptera eridania, é uma praga que vem crescendo em importância para a agricultura brasileira, especialmente na região Centro-Oeste do país. Essa praga é caracterizada pelo seu comportamento polífago, afetando uma ampla gama de culturas agrícolas, como algodão, milho, soja, feijão, hortaliças e frutas.
Embora historicamente considerada uma praga secundária, a lagarta-das-folhas tem se tornado cada vez mais relevante nos últimos anos, especialmente nas culturas de soja e algodão, em que sua ocorrência tem aumentado significativamente a cada safra.
Essa mudança de status pode ser atribuída a diversos fatores, como a disponibilidade de hospedeiros e mudanças nos sistemas de manejo agrícola. Estudos recentes demonstram que, na soja, seu ataque pode ocorrer logo após a emergência das plantas, podendo até exigir o replantio, além de ocasionar desfolha severa e danos às vagens, reduzindo drasticamente o potencial produtivo.
A seguir, você confere informações detalhadas sobre o ciclo de vida, danos e características biológicas da Spodoptera eridania, além de medidas de manejo integrado que podem potencializar o controle dessa lagarta na sua lavoura.
Identificação e ciclo de vida da lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania)
A lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania) é um lepidóptero da família Noctuidae amplamente distribuído nas Américas. Para realizar um manejo eficiente, é fundamental compreender seu ciclo de vida e como identificá-la em cada estágio de desenvolvimento.
Fase de ovos
Os ovos da S. eridania são pequenos, esféricos e de coloração verde, que escurecem à medida que o embrião se desenvolve. Eles são cobertos por escamas que oferecem proteção e o período de incubação varia entre 4 e 6 dias, dependendo das condições ambientais, como temperatura e umidade.


Fase larval (lagarta)
As lagartas recém-eclodidas apresentam coloração acinzentada ou marrom e possuem marcas distintivas que facilitam sua identificação: listras brancas laterais, listras alaranjadas ao longo do dorso e triângulos pretos nas costas.
Esse estágio é o mais prejudicial para as plantas, pois as lagartas se alimentam intensivamente, causando desfolha severa e danos às estruturas reprodutivas das culturas.
Durante essa fase, as lagartas passam por 6 ou 7 instares, crescendo até atingir cerca de 35 mm de comprimento. A duração dessa etapa é influenciada pelo tipo de hospedeiro e condições do ambiente, com um período médio de 20 a 25 dias.

Fase de pupação
Após completar o desenvolvimento larval, as lagartas migram para o solo, onde entram na fase de pupação. A pupa tem coloração marrom-escura, com comprimento entre 16 a 18 mm e largura de 6 a 8 mm. Esse estágio dura, em média, de 11 a 13 dias, quando ocorre a metamorfose para a forma adulta.
Fase adulta (mariposa)
O adulto é uma mariposa de 30 a 40 mm de envergadura, com asas anteriores de coloração variando entre cinza e marrom, marcadas por pequenos pontos pretos, e asas posteriores esbranquiçadas.
A longevidade do adulto varia: fêmeas vivem cerca de 11 dias, enquanto os machos têm uma vida média de 9 dias. Nesse período, as fêmeas podem colocar entre 935 a 1.050 ovos, garantindo a perpetuação da espécie.

Duração do ciclo completo da lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania)
O ciclo de vida completo da lagarta-das-folhas, desde o ovo até o adulto, dura, em média, de 30 a 40 dias, tornando-se essencial monitorar todos os estágios para adotar estratégias de manejo eficazes.
Impacto no manejo
Conhecer o ciclo de vida da lagarta-das-folhas permite ao produtor identificar os momentos críticos para intervenção, seja por meio de controle biológico ou químico. A correta identificação das fases ajuda a reduzir danos às culturas e a evitar prejuízos econômicos significativos.
Compreender o ciclo de vida da Spodoptera eridania é essencial para implementar práticas de manejo integrado de pragas (MIP), contribuindo para a sustentabilidade da produção agrícola e a preservação do meio ambiente.
Danos da lagarta-das-folhas (S. eridania)
A alimentação intensa da lagarta-das-folhas provoca danos foliares e estruturais que impactam diretamente a produtividade, especialmente em culturas de grande importância econômica, como algodão, soja, milho e hortaliças.
- Fase inicial dos danos da lagarta-das-folhas: alimentação em grupo
Durante os primeiros ínstares, as lagartas se alimentam em grupo, removendo, principalmente, o parênquima das folhas e deixando apenas as nervuras. Esse tipo de desfolha reduz a capacidade fotossintética da planta, comprometendo seu desenvolvimento inicial. - Fase avançada dos danos da lagarta-das-folhas: alimentação solitária
À medida que amadurecem, as lagartas tornam-se solitárias e focam em estruturas reprodutivas, como botões florais, vagens, espigas e frutos. Esse comportamento intensifica o impacto econômico, pois essas partes são essenciais para a produtividade final da cultura. - Impacto secundário da lagarta-das-folhas: infecções fúngicas
Os ferimentos causados pela alimentação abrem portas para infecções secundárias por fungos e outros patógenos, agravando ainda mais as perdas na lavoura.
Danos da lagarta-das-folhas por cultura:
- Na soja: o ataque pode começar já na fase de emergência, causando danos às plântulas e, em casos extremos, exigindo o replantio. Ao longo do ciclo, as lagartas provocam desfolha severa, comprometendo a capacidade de crescimento e enchimento de grãos. Além disso, os danos às vagens resultam em perdas significativas na produtividade final, especialmente se ocorrerem em fases críticas, como no enchimento de grãos.
- No algodão: a lagarta-da-vagem ataca a partir da emissão dos botões florais, podendo destruir até 33% das estruturas reprodutivas. Isso resulta em uma redução direta na formação de flores e frutos, diminuindo significativamente o rendimento por hectare. O ataque frequente dificulta o controle químico, pois as lagartas podem se esconder em locais de difícil acesso.
- Outras culturas: o comportamento polífago da S. eridania a torna uma ameaça para uma ampla gama de culturas, incluindo:
- Milho: ataca folhas e, em alguns casos, espigas.
- Frutas e hortaliças: causa danos foliares e estruturais, impactando diretamente o mercado de hortifrutigranjeiros, comprometendo a qualidade e o valor comercial.
- Sorgo: destrói folhas e pode reduzir o potencial de grãos e forragem.
Preferência de hospedeiros da lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania)
Estudos mostram que a Spodoptera eridania, conhecida por sua ampla capacidade de adaptação e comportamento polífago, apresenta preferências específicas de hospedeiros que variam conforme a cultura e as condições ambientais. Essa característica reforça a importância de entender seu comportamento de oviposição para implementar estratégias de manejo mais eficientes.
Estudos de preferência de oviposição da lagarta-das-folhas
Pesquisas realizadas pela Embrapa avaliaram a preferência de oviposição da lagarta-das-folhas em diferentes culturas agrícolas, como soja, algodão, milho, trigo e aveia. Os resultados mostraram que:
- Soja: foi a cultura preferida pela S. eridania, registrando o maior número de ovos (média de 1.869 por planta) e posturas (média de 14 por planta). Esse comportamento se deve, em parte, à alta disponibilidade de nutrientes e à estrutura foliar favorável para a proteção dos ovos.
- Trigo: também demonstrou alta atratividade, embora em menor escala quando comparado à soja. Isso torna a cultura um hospedeiro relevante em áreas de cultivo diversificado.
- Algodão, milho e aveia: apresentaram menor suscetibilidade à oviposição, o que indica uma menor preferência relativa. No entanto, em ambientes onde há a disponibilidade constante de alimentos e condições ideais para sobrevivência e multiplicação da praga, como sistema soja-algodão, a pressão tende a ser favorecida.
A preferência por culturas como a soja evidencia a necessidade de monitoramento intensivo dessas lavouras, especialmente durante os períodos de maior suscetibilidade, como a fase inicial de desenvolvimento. O plantio em áreas próximas de culturas hospedeiras também pode aumentar o risco de infestação, reforçando a importância de práticas como:
- Rotação de culturas: ajuda a interromper o ciclo reprodutivo da praga.
- Monitoramento contínuo: identificação precoce da oviposição pode evitar surtos populacionais.
- Manejo Integrado de Pragas (MIP): combina estratégias químicas, biológicas e culturais para minimizar os danos.
O destaque da soja como hospedeiro preferido da S. eridania ressalta a vulnerabilidade dessa cultura, que é uma das mais importantes economicamente no Brasil. Perdas causadas por essa praga podem comprometer a produtividade, especialmente em áreas com alta densidade populacional de lagartas.
Manejo e controle da lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania)
Devido ao impacto expressivo da Spodoptera eridania na produtividade agrícola, a adoção de estratégias de Manejo Integrado de Pragas (MIP) é indispensável para minimizar perdas e garantir a sustentabilidade econômica das lavouras.
O manejo eficiente dessa praga exige uma abordagem combinada, que integre diferentes métodos de controle. Confira as principais estratégias recomendadas:
1. Monitoramento constante
O monitoramento é o pilar do MIP e deve ser realizado regularmente, utilizando armadilhas e inspeção visual para identificar precocemente ovos e lagartas:
- Identificação de níveis de infestação: avalie o número de lagartas por planta para determinar o momento adequado para intervenção.
- Tomada de decisão baseada em nível de controle: intervenha somente quando os níveis de controle forem atingidos, evitando aplicações desnecessárias.
2. Manejo do sistema de cultivo e rotação de culturas
Como praga polífaga, a lagarta-das-folhas se alimenta de diversas culturas, por isso, o manejo do sistema agrícola como um todo é essencial para reduzir sua incidência:
- Rotação de culturas: alterne culturas com menor atratividade para a praga, minimizando a oferta de alimento.
- Eliminação de plantas daninhas: remova plantas hospedeiras alternativas na entressafra, que podem servir como abrigo ou fonte de alimento para as lagartas.
3. Tratamento de sementes
O tratamento de sementes é uma estratégia indispensável para proteger as plantas nas fases iniciais de desenvolvimento, quando são mais vulneráveis aos danos causados por lagartas:
Produtos como FORTENZA® Elite oferecem proteção eficaz contra pragas iniciais, como a lagarta-das-folhas, promovendo uma emergência uniforme e saudável, o que fortalece a produtividade.
A oferta FORTENZA® Elite é composta por FORTENZA®, CRUISER®, AVICTA® e MAXIM® Advanced, oferecendo uma solução robusta contra pragas como a lagarta-das-folhas, além de nematoides e doenças.
Essa combinação de produtos proporciona proteção inicial e maior sanidade para as plantas, contribuindo para maior produtividade e rentabilidade.

4. Manejo químico e biológico
Quando as populações da lagarta atingem níveis de controle, se faz necessário o uso de inseticidas e/ou agentes biológicos para um manejo integrado e estratégico.
Utilize produtos registrados para as culturas afetadas, priorizando aplicações nos estágios iniciais da lagarta, quando elas são mais vulneráveis. Realize a rotação de modos de ação para evitar a seleção de resistência da praga e avalie a possibilidade de associar produtos biológicos que ajudem a manter o nível de equilíbrio da lavoura.
Fortaleça sua proteção contra a lagarta-das-folhas
A lagarta-das-folhas é uma praga que exige atenção constante por parte dos produtores, especialmente diante do seu crescimento em importância nas últimas safras.
O conhecimento sobre seu ciclo de vida, hábitos e os danos causados é fundamental para a adoção de medidas de controle eficazes. Investir em soluções como FORTENZA® Elite é o que tem feito a diferença para milhares de produtores que, dessa forma, conseguem proteger o seu potencial produtivo desde o início e fortalecer a sua rentabilidade.

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