A safra de cana-de-açúcar 2022/23 totalizou uma posição final de moagem de 548,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, número 4,6% superior à safra anterior. A concentração de ATR no período de fechamento da safra foi prejudicada pela abundância de chuvas na última quinzena de março.
A partir de abril, o volume de precipitação começou a diminuir, construindo um cenário de recuperação para o setor canavieiro, que vinha sofrendo quedas por conta das dificuldades climáticas causadas pelo fenômeno La Niña. Assim, o início da colheita e a retomada das atividades nas usinas marcam o início da safra 2023/24, com perspectivas positivas de produção, produtividade, qualidade e oportunidades no mercado, embora o andamento da colheita e do processamento possa sofrer atrasos por conta do clima.
Resultados da safra de cana-de-açúcar 2022/23
Além da quantidade de produção, a qualidade também é um fator influente nos resultados das usinas. Na totalidade da safra 2022/23, o quilo de ATR (Açúcar Total Recuperável) por tonelada de cana-de-açúcar foi de 140,8, uma redução de 1,4% em comparação com os resultados do ciclo anterior. Isso impacta o processamento da cana destinada à fabricação dos subprodutos que dependem da quantidade de ATR.
Para saber mais sobre o ATR e outros índices relacionados à qualidade, acesse: Cana, TCH e ATR: 5 práticas para proteger a qualidade.
Açúcar e etanol
Na safra que se encerrou, as usinas entregaram 33,7 milhões de toneladas de açúcar – o que representa um avanço de 5,2%. Quanto ao etanol, a produção totalizou 28,9 bilhões de litros (+4,7%): 16,62 bilhões de hidratado e 12,3 bilhões de anidro. Esse último teve um incremento de 12,7% em relação à safra 2021/22 e isso se justifica pelo aumento do interesse pelo etanol anidro, usado para ser misturado à gasolina, como parte da estratégia da transição energética.
Por ser mais competitivo no mercado devido aos preços atrativos da gasolina para o consumidor final e de sua maior eficiência energética, o etanol anidro é preferência na produção das usinas, como uma medida para alcançar as metas de redução de GEE (Gases de Efeito Estufa) provenientes da queima de combustíveis fósseis. Nesse cenário, a quantidade de biocombustível inserida na cadeia é um fator crucial para aumentar a emissão de CBio (Crédito de descarbonização de Biocombustíveis).
A tabela de preços por Estado apresentada abaixo mostra a alta porcentagem da paridade entre a gasolina e o etanol hidratado verificada até o começo de maio, condição que persiste a cada novo levantamento quinzenal. Isso explica a preferência do consumidor e a necessidade de ampliar a produção do anidro na safra 2022/23, para ser possível atender à demanda por gasolina e, ao mesmo tempo, às exigências de descarbonização.
Evolução dos preços e da paridade entre etanol e gasolina. Fonte: Observatório da Cana.
Pensando em mercado sustentável, ampliou-se a produção de etanol de milho em 27,87%. Os 4,4 bilhões de litros fabricados (15,3% do total) fortalecem a sustentabilidade do setor, auxiliando o atendimento à necessidade de entregar cada vez mais quantidade de biocombustível ao mercado consumidor.
Esses números podem ser justificados a partir de uma análise da demanda do mercado. Houve um pequeno recuo – 1,4% – nas vendas de etanol hidratado durante a safra de cana-de-açúcar 2022/23, por outro lado, as vendas de anidro foram recordes, com uma variação positiva de 7,4%, representando também a maior quantidade de exportações realizadas entre abril de 2022 e março de 2023.
CBio
A emissão de CBios em função da produção de biocombustíveis e da descarbonização do setor sucroenergético apresenta números satisfatórios. Havia grande preocupação em relação ao cumprimento das metas estabelecidas para a cadeia produtiva, o que levou ao mix estratégico dos subprodutos de cana nas usinas, elevando a porcentagem dedicada ao etanol, especialmente ao anidro, que tem maior elegibilidade na aprovação dos créditos (90% contra 85% do hidratado).
Atualmente, são 323 unidades produtoras certificadas para a emissão, quantidade que tende a aumentar na safra 2023/24. Até 09 de maio de 2023, haviam sido negociados 44,30 milhões de CBios, a que se somam o estoque de passagem de 2021 e os créditos adquiridos em 2022 e em 2023. Assim, a safra de cana-de-açúcar 2022/23 conseguiu cobrir as metas de ambos os anos, embora os preços dos ativos estejam em queda, por conta do aumento dos estoques.
Resumo de negociações de CBios, jan/2022 – mai/2023. Fonte: Observatório da Cana.
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Início da safra 2023/24: projeções e expectativas para a cana-de-açúcar
A safra de cana-de-açúcar 2023/24 teve início oficialmente na primeira quinzena de março, quando 10 unidades produtoras retomaram as operações. O processamento da cana atingiu grande força na primeira quinzena de abril, com ativação de 165 usinas no Centro-Sul até o final do mês, conforme a colheita nas lavouras avançou. No entanto, as operações perderam ritmo nos últimos 15 dias do mês, por conta da alta incidência de chuvas, que colocou o processamento abaixo do potencial histórico de processamento de cana para o período.
Assim, no início da safra foi verificado um clima favorável para as operações, por conta da diminuição das chuvas facilitar a movimentação das colhedoras, com resultados de moagem 157,3% superiores em relação ao mesmo período do ano anterior (13,6 milhões de toneladas de cana processada, contra 5,3). Um cenário que se inverteu rapidamente na segunda metade de abril, em que se estimou um atraso de 10 dias na colheita.
Assim, este ciclo produtivo começou com mais intensidade, devido às expectativas positivas para o setor. Melhores condições climáticas para a produção da matéria-prima – com expectativa de um rendimento 7,8% superior – e melhoria na rentabilidade são dois dos motivos dessa intensificação. Com o avanço do fenômeno climático El Niño, praticamente confirmado para atingir o país no segundo semestre de 2023, é possível que haja uma mudança negativa significativa nessas previsões, com chances de prolongar a safra e diminuir a qualidade da cana-de-açúcar por conta do aumento dos índices pluviométricos.
De toda forma, o cenário é de ampliação e investimentos, com perspectiva de instalação de novas unidades e de aumento da capacidade de outras já em funcionamento. Além disso, espera-se que o cenário do mercado de etanol tenda à valorização dos biocombustíveis, com probabilidade de ampliação da competitividade do hidratado.
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