A produção agrícola brasileira está sofrendo com a escassez e, consequentemente, com a alta dos preços. Segundo a Faesc (Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina) e a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária no Brasil), são prejuízos gerados pela pandemia de Covid-19 e que estão causando a redução da oferta de defensivos agrícolas e fertilizantes, com consequente encarecimento em mais de 200%.
No Brasil, 76% dos ingredientes usados para a fabricação desses produtos são importados de países fornecedores, como China, Rússia e Índia – que, atualmente, enfrentam dificuldades para manter o ritmo de fornecimento.
A China, que produz moléculas essenciais na composição de defensivos (como o glifosato, usado como dessecante), suspendeu todas as vendas ao exterior. Já a Rússia, que fornece 30% da uréia que o Brasil utiliza, baixou a produção e estabeleceu cotas aos compradores por uma questão energética, direcionando aos países da União Europeia parte do gás utilizado na produção do insumo.
Marrocos, China e Rússia também diminuíram a oferta de fosfato, nitrogênio e cloreto de potássio – essenciais para a produção agrícola, pois devem ser repostos quando há uso intensivo da terra.
Fundamentos de oferta e demanda
Quanto ao consumo de fertilizantes, o Brasil encontra-se em uma crescente, devido ao intenso ritmo de produção interna – o que não deve ser diferente para essa safra.
Embora isso represente um cenário positivo, a produção global de fertilizantes não está sendo capaz de acompanhar o crescimento da demanda. Pelo contrário: foram registradas perdas ou quebras de produção ao redor do planeta, visto que muitas dessas situações estão associadas aos desafios trazidos pela pandemia de Covid-19. Um bom exemplo disso foi a China, deixando de abastecer seus portos de exportação.
Segundo o mais recente levantamento feito pelo projeto Campo do Futuro (CNA), a alta dos preços dos insumos foi responsável pelo aumento dos custos de produção da agropecuária neste ano. De janeiro a setembro, o fertilizante, por exemplo, subiu mais de 100% em virtude da alta demanda, de problemas logísticos com fretes marítimos e de fatores geopolíticos.
Como resultado dessa apuração, os preços de insumos agrícolas como a ureia, o fosfato monoamônico e o cloreto de potássio aumentaram 70,1%, 74,8% e 152,6% – respectivamente. Diante disso, a tendência de valorização dos preços de fertilizantes deve permanecer em 2022, impactando diretamente a margem de lucro dos produtores rurais.
Impacto global gerado pela China
Há pouco tempo, a China anunciou três grandes fatores que estão impactando a maioria da cadeia química e pressionando o mercado – o que resulta na alta dos preços de insumos e de produtos agrícolas:
-
Aumento do frete marítimo: o custo dos contêineres aumentou cerca de quatro vezes, pois a frequência de embarques para a América do Sul foi reduzida em função da pandemia.
-
Crise energética na China: fábricas tiveram suas operações interrompidas, por conta da falta de energia interna que o país está enfrentando.
-
Redução da emissão de carbono: o país visa alcançar o uso nulo de carbono até 2060. Para isso, tem a meta de redução em 65%, por unidade de PIB, até 2030.
Desafios da produção agrícola no Brasil
Em outubro, o IPFC (Indicador de Poder de Compra de Fertilizantes) atingiu 1,50. Esse indicador, divulgado recentemente pelo portal Money Times, aponta para uma situação desfavorável na aquisição do insumo pelos agricultores, com um agravamento na relação de troca entre adubos e produtos agrícolas.
Tal contexto resulta em incertezas que têm sido suficientes para estimular a intensa procura por fertilizantes em todo o mundo e, por consequência, justificar o aumento dos preços.
Ainda segundo o levantamento, a principal causa para esse aumento deve-se ao cenário apertado de oferta e demanda global – além de recentes incrementos de custos de produção, devido a questões macroeconômicas, para produtos como gás natural e petróleo.
Outro ponto a ser considerado é que os preços internacionais das commodities agrícolas e a taxa de câmbio atual aqueceram a rentabilidade de forma positiva nas principais lavouras brasileiras em outubro, o que melhora o cenário de expansão de plantio em 2021/22.
Perspectivas para o produtor
Os produtores brasileiros costumam fazer a compra de insumos com antecedência, uma forma de assegurar que terá abastecimento para a safra 2021/22. Porém, o agricultor brasileiro já se preocupa com o futuro.
De olho na próxima safra, recentemente, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, esteve em Moscou com representantes do governo e de empresas do setor de fertilizantes para tratar sobre o fornecimento de insumos agrícolas. A ministra afirma ter recebido garantias de continuidade da exportação de fertilizantes ao Brasil, produto considerado essencial para a produção agropecuária.
A Rússia é, hoje, responsável por cerca de 20% dos fertilizantes importados pelo Brasil. Ainda segundo a ministra, não só foram assegurados os contratos de fornecimento, como ainda espera-se que o volume de exportações aumente.
A fim de informar todos os elos da cadeia agrícola, a Syngenta, por meio do canal de notícias Mais Agro, coloca-se na função de trazer atualizações sobre o mercado interno e externo, além de auxiliar o produtor nos momentos de tomada de decisão.
A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, com o objetivo de impulsionar o agronegócio brasileiro com qualidade e inovações tecnológicas.
Deixe um comentário