A produção canavieira é a atividade econômica mais antiga do Brasil. Devido à privilegiada posição geográfica, o país tem liderado a produção de cana-de-açúcar com uma área de colheita que chega a 10 milhões de hectares, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).
No entanto, o cenário climático adverso impactou fortemente a produtividade da safra 21/22 da cultura. Segundo a ORPLANA (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil), a seca de 2021 – a pior dos últimos 90 anos – deve provocar uma quebra em torno de 8% na produção brasileira, na comparação com o volume registrado no último ciclo.
As geadas também atingiram as lavouras de cana e foram registradas em várias regiões produtoras. A principal delas, em Ribeirão Preto (SP), foi a mais severa das últimas décadas, o que também gerou grandes danos à produtividade. Em todo a região Centro-Sul do país, as perdas chegaram a cerca de 5% em relação ao volume produzido na safra passada.
Outro problema ocasionado pelas geadas é que elas também influenciam a próxima safra. Uma vez que prejudicam as áreas de rebrota e, muitas vezes, matam ou fazem com que seja necessário cortar as plantas, o desenvolvimento da cultura sofre um atraso de um a três meses, em média.
Reflexos nas usinas
O período seco que veio mais cedo pelo segundo ano consecutivo, aliado às geadas, prejudicou o restabelecimento do desenvolvimento da cana-de-açúcar, reduzindo a oferta de matéria-prima.
Fora isso, é preciso considerar que o longo tempo sem precipitação acaba por influenciar o residual dos herbicidas pré-emergentes aplicados em pós-colheita, reduzindo o potencial de controle das ervas daninhas na retomada das chuvas.
Como resultado da eventual necessidade de roçagem após as geadas, áreas de soca colhidas e já tratadas, que tiveram sua palhada revolvida, podem sofrer com esse problema.
Para as usinas, a alternativa para escapar das próximas geadas foi antecipar a colheita, o que pode ter implicado matéria-prima com baixo teor de sacarose e menor valor no mercado.
Pesquisa para enfrentar as adversidades climáticas
Desde 2012, a expansão do cultivo canavieiro em ambientes climaticamente menos favoráveis vem impactando de forma negativa o rendimento agrícola da cana-de-açúcar, influenciando a produção na região Centro-Sul.
Para garantir que a produção supere a demanda, é necessário um bom desempenho final. Para isso, a chave para assegurar um bom aproveitamento da lavoura é uma boa interação entre genótipo, condições climáticas e boas práticas de manejo.
Dentre os estresses pelos quais a cultura pode passar, o déficit hídrico é um dos maiores responsáveis no que diz respeito ao potencial do canavial em alcançar altos rendimentos. Conforme pesquisas, o estresse hídrico é responsável por, em média, 70% da variabilidade final da produção.
A limitação hídrica e as altas temperaturas do ar podem gerar danos irreversíveis às plantas e impactos ao produtor final. Por isso, pesquisadores do Instituto de Biologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em parceria com colegas do VIB (Vlaams Instituut voor Biotechnologie), da Bélgica, trabalham na identificação de um conjunto de cinco genes que, ao serem permanentemente ativados, podem tornar a cana-de-açúcar mais tolerante à seca.
As análises de expressão gênica revelaram centenas de genes diferentemente expressos na cana, em resposta ao estresse hídrico. Ao caracterizá-los, os pesquisadores identificaram alguns genes que são mais ativados. Nos testes de laboratório, os pesquisadores já confirmaram que variedades transgênicas de cana, com alguns desses genes em constante estado de ativação, apresentam maior tolerância à seca.
O objetivo, segundo os responsáveis pelo estudo, é chegar a uma cana-de-açúcar transgênica com crescimento rápido e capaz de suportar longos períodos sem irrigação.
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