Produtores investem em manejo sustentável e origem para mais qualidade do café robusta no Brasil
O crescimento da produção do café robusta reafirma a busca pela qualidade da bebida nos últimos anos.
Famoso por seu sabor marcante e forte, o café Conilon – também conhecido como café robusta – tem sido a oportunidade para o Brasil abrir novos mercados na cafeicultura. Seu cultivo se dá entre o bioma da Mata Atlântica até o bioma Amazônico, e entre os principais diferenciais é destaque por sua entrega volumosa, resistência a pragas, e maior teor de cafeína em comparação ao arábica.
O que mais chama a atenção no café robusta é o volume de produção, maior em comparação com o arábica.
O que tem virado a chave para o Brasil nos últimos anos é a busca pela qualidade. Assim como na cafeicultura de arábica, a produção de Conilon também recebeu atenção e cuidados voltados para o pós-colheita. Nos últimos anos, produtores de diversas regiões do país têm buscado aprimorar e trabalhar melhor a qualidade desses cafés, resultando na emergência da cafeicultura especial de robusta.
Esse movimento tem contribuído para o aumento das exportações e demanda global desse café. Em regiões mais simples do país, como em Cacoal, Rondônia, a busca pela qualidade representou não apenas um avanço na produção da bebida, mas também uma melhoria social na vida dos produtores.
A Associação Caferon (Cafeicultores Associados da Região das Matas de Rondônia), desempenhou um papel crucial ao iniciar processos de pós-colheita na região.
Atualmente, os produtores descobriram as muitas possibilidades com o café especial
De acordo com Poliana Perrute, produtora e Líder do Movimento das Mulheres do Café de Rondônia, a produção de cafés na Amazônia é recente, e no caso da produção de cafés especiais, o cenário é ainda mais novo.
“Mas tudo isso trouxe o foco na melhoria da qualidade de vida dos produtores e eles entenderam que a cafeicultura especial é uma boa via de acesso ao melhor desenvolvimento da região. As famílias entenderam as possibilidades e estão conseguindo evoluir, entregando mais qualidade na xícara”, ressalta Poliana.
O sensorial dos cafés da região sempre foi caracterizado por notas de caramelo, amêndoa, chocolate ou nibs de cacau. No entanto, o movimento também liderado por Poliana tem ajudado os produtores a explorarem novos sabores na xícara, como frutas amarelas, frutas secas, tâmara, mirtilo e até mesmo chocolate com morango.
“A cada ano nos surpreendemos com o sensorial encontrado em nossos cafés. Evoluímos de um café que não era trabalhado para qualidade, apenas para gerar volume, até descobrimos o real sensorial do café robusta”, explica Perrute.
A maioria dessas produções tem ocorrido em áreas de reserva natural, valorizando ainda mais a bebida.
Vale destacar que o terroir – consiste nas características específicas referentes à geografia, geologia e ao clima de um lugar – também está sendo explorado por esses produtores. A ideia inicial é que o mundo conheça as muitas possibilidades dos cafés robustas. Em especial na região de Rondônia, esses cafés vêm sendo cultivados em solo da região amazônica, o que também ajuda a explicar o terroir diferente encontrado na xícara.
Enrique Alves, pesquisador da Embrapa, ressalta que a maioria desses produtores também evoluíram pela necessidade de trabalhar em conjunto com o meio ambiente. A proteção de nascentes e o reflorestamento em torno das lavouras tornaram-se práticas comuns.
“Principalmente diante de condições climáticas mais desafiadoras, a atenção voltada para a preservação de rios, córregos e nascentes já integra a rotina dos cafeicultores. Alguns, adicionalmente, direcionam investimentos para a construção de reservatórios de água destinados à irrigação. De maneira ainda mais específica, observa-se o início de investimentos por parte dos cafeicultores na arborização não só dos cafezais, mas também de suas áreas circundantes”, detalha Alves.
Produção de cafés especiais com o Conilon/Robusta insere produtores em mercados diferentes.
Além dos desafios climáticos, o desafio da informação também tem sido superado pelos produtores de robusta. Juan Travion, produtor e Presidente da Caferon destaca os desafios.
“O desafio de fazer os produtores entenderem novas tecnologias e a importância da ciência e da comunicação externa, porque se queremos traduzir nosso terroir para o mundo, a gente precisa ser muito claro nisso e muito transparente”.
Do Espírito Santo a Rondônia, os produtores de Conilon encontraram novas oportunidades no mercado, já que com um teor alto de cafeína, esses cafés chegam a mercados especiais de saúde, nutrição e esporte.
“Sempre lembro os produtores que são nichos de mercado. Acho que o produtor tem que atender todos os tipos de clientes. Mas é muito bacana a diversidade sensorial, porque ela agrega mais experiências aos consumidores e mais possibilidades aos produtores”, ressalta Juan.
Vale destacarmos que nesta safra atual, a área de Conilon ficou em 2,24 milhões de hectares, um aumento de 1,9% em comparação com a temporada anterior.
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