O trigo é um dos cereais mais importantes para a alimentação humana em todo o mundo. Base de alimentos como pães, massas e biscoitos, ele tem uma história que remonta à antiguidade, sendo cultivado há aproximadamente 10 mil anos.
No Brasil, essa cultura passou por diversas fases de desenvolvimento, desde a sua introdução até as inovações tecnológicas que forma sendo introduzidas e que permitiram a expansão de sua produção.
Embora o território brasileiro não se destaque mundialmente em quantidade na produção de trigo, a cultura tem uma grande relevância para o setor do agronegócio e para a economia do país.
Este artigo irá explorar sobre a história do trigo no Brasil, sua chegada ao país, as primeiras áreas de cultivo e como o uso de tecnologias agrícolas impulsionou o crescimento do setor tritícola no país.
A origem do trigo e a chegada ao Brasil
A história do trigo no mundo começou na região conhecida como Crescente Fértil, localizada no Oriente Médio, abrangendo partes do Egito, do Iraque, da Síria e da Turquia, na região da antiga mesopotâmia.
Essa área é considerada o berço da agricultura, onde o trigo selvagem foi domesticado e, a partir daí, sua disseminação para outras regiões foi iniciada. O cultivo do trigo se espalhou por regiões da Europa, da Ásia e, posteriormente, com as grandes navegações, alcançou as Américas.
No Brasil, o trigo chegou pelas mãos dos colonizadores portugueses no século XVI. As primeiras tentativas de cultivo ocorreram na região litorânea onde hoje se localiza o Estado de São Paulo.
No entanto, o clima tropical úmido do litoral brasileiro não favorecia a cultura, que exigia temperaturas mais amenas e solos adequados para seu desenvolvimento. Isso fez com que os primeiros esforços não obtivessem êxito imediato, sendo necessário esperar alguns séculos para que o trigo começasse a se estabelecer de forma efetiva no território brasileiro.
As primeiras áreas de cultivo no Brasil
Embora as tentativas iniciais de introdução do trigo no Brasil tenham falhado, no século XIX o cenário começou a mudar. A cultura do trigo encontrou no clima temperado do Sul do país condições mais adequadas para o cultivo.
Os imigrantes, principalmente italianos, alemães e poloneses, trouxeram consigo o conhecimento e as práticas agrícolas utilizadas em seus países de origem, contribuindo para o desenvolvimento dessa atividade no Brasil.
A região Sul tornou-se o principal centro produtor de trigo no Brasil. O clima mais frio, característico dessas áreas, permitiu que o cultivo se consolidasse, tornando o trigo uma cultura importante para a agricultura local.
A evolução tecnológica no cultivo de trigo
Com o passar dos anos, o cultivo do trigo no Brasil foi beneficiado por uma série de inovações tecnológicas que revolucionaram o setor agrícola.
A mecanização das lavouras, o uso de defensivos químicos e o melhoramento genético de cultivares são algumas das transformações que impactaram positivamente a produtividade do trigo no país.
Mecanização agrícola
A introdução de maquinários agrícolas foi um divisor de águas para a agricultura brasileira, incluindo o cultivo de trigo.
Antes da mecanização, o plantio e a colheita do cereal eram feitos manualmente, o que demandava um grande esforço físico e limitava a expansão da área cultivada. Com o uso de tratores, colheitadeiras e semeadoras, foi possível aumentar significativamente a eficiência das operações agrícolas, reduzindo o tempo e os custos envolvidos no processo produtivo.
Além disso, o uso de maquinários modernos possibilitou a realização de técnicas de manejo do solo, como o plantio direto, que contribui para a conservação da fertilidade do solo e o controle de pragas e doenças.
Defensivos químicos
O controle de pragas, doenças e plantas daninhas é um dos principais desafios enfrentados pelos agricultores, e o uso de defensivos químicos se mostrou essencial para garantir a sanidade das lavouras e a manutenção da produtividade.
No caso do trigo, produtos fitossanitários específicos são utilizados para combater pragas como o pulgão e as lagartas, além de doenças como a ferrugem e o oídio.
A evolução dos defensivos químicos no Brasil permitiu que os produtores de trigo adotassem medidas mais eficientes de controle, minimizando as perdas na lavoura e alcançandoo colheitas mais rentáveis.
Melhoramento genético de cultivares
Outra grande revolução no cultivo de trigo foi o desenvolvimento de novas cultivares com o melhoramento genético.
O Brasil, por meio de suas instituições de pesquisa, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), tem desempenhado um papel crucial no desenvolvimento de cultivares mais adaptadas às condições climáticas do país.
O melhoramento genético do trigo tem focado na criação de cultivares mais tolerantes a pragas e doenças, além de cultivares que suportem melhor as condições adversas do clima.
Essas novas cultivares, além de apresentarem maior produtividade, também possuem características desejáveis para a indústria alimentícia, como maior teor de proteínas, essencial para a qualidade do pão e de outros produtos derivados do trigo.
Sistemas de irrigação
A irrigação é outra tecnologia que desempenha um papel importante na produção de trigo em determinadas regiões do Brasil, especialmente em áreas onde a disponibilidade de água durante o ciclo de cultivo é limitada.
O uso de sistemas de irrigação eficientes, como a irrigação por pivô central, permitiu que o trigo fosse cultivado em regiões com menor índice pluviométrico, aumentando a área de produção no país.
Com a irrigação, os produtores conseguem controlar a quantidade de água aplicada às plantas, otimizando o uso dos recursos hídricos e permitindo que o trigo tenha as condições ideais para seu desenvolvimento, mesmo em épocas de estiagem.
Todas essas evoluções permitiram maior desenvolvimento da triticultura no Brasil, ganhando cada vez mais espaço no país.
A importância do cultivo de trigo para o Brasil
O cultivo de trigo tem uma grande importância para o Brasil, tanto do ponto de vista econômico quanto social. Embora o país ainda dependa de importações para suprir parte de sua demanda interna, a produção nacional de trigo vem crescendo nos últimos anos, contribuindo para a redução da dependência externa e o fortalecimento da cadeia produtiva do cereal.
Além disso, o trigo é uma cultura estratégica para a segurança alimentar do país. Ele é um dos principais insumos utilizados na produção de alimentos básicos, como o pão, que está presente diariamente na mesa de milhões de brasileiros. O fortalecimento da produção nacional de trigo também contribui para a geração de empregos e renda no campo, especialmente nas regiões em que o cereal é cultivado em larga escala.
Os principais Estados produtores de trigo no Brasil
Atualmente, os Estados da região Sul do Brasil são os maiores produtores de trigo, com destaque para Rio Grande do Sul e Paraná. Essas duas unidades federativas respondem pela maioria da produção nacional do cereal. O Paraná, em particular, é o maior produtor de trigo do país, seguido de perto pelo Rio Grande do Sul.
Nos últimos anos, no entanto, outras regiões do país começaram a se destacar na produção de trigo, como Mato Grosso do Sul e São Paulo.
A expansão da área cultivada em novas fronteiras agrícolas está sendo possível graças à adoção de tecnologias modernas, que permitem o cultivo do cereal em regiões que antes não era tradicionalmente cultivado.
O futuro do trigo no Brasil
A história do trigo no Brasil é marcada por desafios e conquistas. Desde as primeiras tentativas de cultivo no século XVI até a adoção das mais modernas tecnologias agrícolas, o trigo se consolidou como uma cultura de grande importância para o país.
Com a mecanização, o uso de defensivos químicos, o melhoramento genético e os sistemas de irrigação, a produção de trigo no Brasil continua a crescer, fortalecendo o setor agrícola e contribuindo para a segurança alimentar nacional.
Hoje, o Brasil ainda depende de importações para suprir sua demanda interna, mas as perspectivas são positivas, com investimentos em pesquisa e tecnologia voltados para o aumento da produtividade e da expansão das áreas de cultivo.
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