Sabe aquele ditado que diz que nós somos o que comemos? Ele é muito válido para a soja: o nitrogênio (N) é o nutriente mais requerido pela cultura – e esse nutriente é responsável pelo teor de proteína dos grãos, índice de maior agregação de valor para a soja.

Segundo estimativas, 16% da proteína é composta por nitrogênio. No Brasil, os grãos de soja têm apresentado cerca de 36% de proteína. Na Argentina e nos Estados Unidos, o teor de proteína nos grãos de soja gira em torno de 34%. 

Esses valores são importantes quando olhamos para a demanda: a China, principal compradora de soja do mundo, protocolou um documento em que requer grãos com teores de proteína de 40% a 44% – índice que o grão brasileiro alcançava facilmente há 4 décadas.

É justamente por ser uma rica fonte proteica de alta produtividade que a soja brasileira tem tanto protagonismo mundial. E isso demanda nitrogênio.

Mas não é só isso, o nitrogênio também é fundamental para o enraizamento da soja, característica que tem sido importantíssima diante dos desafios climáticos, para que a planta consiga buscar água e nutrientes em profundidade em épocas de seca. 

E, em relação à fotossíntese, o nitrogênio também é destaque: em cada molécula de clorofila, nós temos 4 átomos de nitrogênio. Ou seja, esse nutriente também é essencial para termos folhas mais ativas. 

No geral, para produzir 1.000 kg de grãos de soja, a planta precisa de aproximadamente 80 kg de N – e 60% desse N é exportado pelos grãos. Se considerarmos uma produtividade de 3.000 kg/ha, abaixo da média brasileira, são necessários aproximadamente 240 kg de nitrogênio por hectare!

Se dependêssemos apenas de fertilizantes nitrogenados para suprir essa demanda, os custos de produção seriam extremamente altos, tornando a cultura inviável economicamente. Nesse cenário, a sinergia entre soluções biológicas e químicas foi o que possibilitou mudar o jogo.

A introdução da Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) com bactérias do gênero Bradyrhizobium foi um divisor de águas na sojicultura brasileira. Hoje, sabe-se que a inoculação com estirpes de Bradyrhizobium pode suprir até 100% da demanda de nitrogênio da soja! 

Mas esse processo é realmente importante? A inoculação com Bradyrhizobium compensa financeiramente? O que esse processo faz pela sua lavoura? Respondemos tudo isso a seguir. Boa leitura! 

O que é o Bradyrhizobium e como ele tem sido um divisor de águas para a sojicultura?

A alta demanda da soja por nitrogênio é inversamente proporcional aos solos brasileiros. Devido às nossas condições climáticas, nosso solo perde facilmente os teores de N por lixiviação e perdas gasosas, sendo capaz de oferecer apenas de 10 a 15 kg de N por hectare.

É aqui que entra o Bradyrhizobium e a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN). Bradyrhizobium é um gênero de bactérias capazes de fixar nitrogênio atmosférico e torná-lo disponível para suprir as necessidades da soja.

Esse processo acontece da seguinte forma:

  • Colonização das raízes: o Bradyrhizobium aplicado via inoculante se fixa nas raízes, iniciando uma relação simbiótica.
  • Formação dos nódulos: ao entrar em contato com as raízes, o Bradyrhizobium estimula o crescimento de nódulos – pequenas estruturas nas quais as bactérias se alojam. Esses nódulos são essenciais para a próxima etapa do processo.
  • Fixação de nitrogênio: dentro dos nódulos, o Bradyrhizobium converte o nitrogênio atmosférico (N₂), que não é acessível diretamente para as plantas, em amônia (NH₃), uma forma que a soja consegue absorver e utilizar como nutriente.
  • Nutrição contínua: ao longo do ciclo da soja, o Bradyrhizobium continua fixando nitrogênio, sendo uma fonte natural e contínua desse nutriente vital para o crescimento saudável e produtivo da planta.

É por isso que a história da fixação biológica de nitrogênio (FBN) no Brasil está intimamente ligada ao avanço da sojicultura no país, e uma das principais responsáveis por esse progresso foi a agrônoma Johanna Döbereiner. 

Na década de 1950, Döbereiner, atuando na Embrapa, conduziu pesquisas pioneiras sobre o Bradyrhizobium. Seus estudos foram fundamentais para que o Brasil, nas décadas seguintes, adotasse o uso de bioinsumos, como os inoculantes com Bradyrhizobium, que reduziram a dependência de fertilizantes nitrogenados sintéticos.

O trabalho da pesquisadora foi um divisor de águas para o país. Graças à sua contribuição, o Brasil desenvolveu um programa robusto de melhoramento da soja que, junto com a FBN com Bradyrhizobium, viabilizou o cultivo do grão em larga escala e ajudou a reduzir significativamente os custos de produção. 

O uso do Bradyrhizobium permitiu que a soja se expandisse para regiões tropicais, como o Cerrado, a partir da década de 1970. Esse processo de “tropicalização” da soja, apoiado pela biotecnologia, transformou o Brasil em uma potência agrícola global.

Hoje, a FBN e os inoculantes biológicos são considerados essenciais tanto para aumentar a produtividade, como também para garantir a sustentabilidade e a eficiência da sojicultura brasileira. 

Sustentabilidade ambiental e econômica: o impacto do Bradyrhizobium no manejo integrado da soja

A sustentabilidade é um dos temas mais discutidos atualmente, e a fixação biológica de nitrogênio (FBN) com Bradyrhizobium é uma tecnologia bem difundida, que mostrou para produtores e especialistas a importância de integrar soluções biológicas junto a outros pilares, como manejo químico e cultural, para o sucesso a longo prazo da produção de alimentos.

Isso gera uma série de benefícios, tanto econômicos quanto ambientais. Por exemplo, a adoção da FBN, que já é realidade em mais de 80% das áreas de soja no Brasil, permite uma economia anual bilionária – cerca de US$ 15,2 bilhões somente na safra 2019/20 – em fertilizantes nitrogenados. 

No âmbito ambiental, o uso de inoculantes biológicos contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Estima-se que, devido à FBN, o Brasil evita a emissão de 430 milhões de toneladas de CO₂ por ano, o que faz uma enorme diferença em tempos de preocupação com as mudanças climáticas. 

Além disso, ao melhorar a saúde do solo e favorecer a diversidade microbiana, a FBN também ajuda a manter a fertilidade natural dos solos a longo prazo.

Esses benefícios tornam a fixação biológica de nitrogênio com Bradyzhirobium uma tecnologia que fortalece a competitividade do agronegócio brasileiro tanto no mercado interno quanto no cenário global, ao mesmo tempo em que promove a preservação dos recursos naturais.

Por que escolher inoculantes com Bradyrhizobium?

Os solos brasileiros não são só escassos de nutrientes importantes para a soja, como o nitrogênio. Eles também não possuem naturalmente as bactérias de Bradyrhizobium capazes de nodular a soja.

Considerando isso, escolher inoculantes com Bradyrhizobium é uma decisão estratégica para produtores que buscam uma série de benefícios que vão além da fixação de nitrogênio. Aqui estão os principais motivos para optar por essa tecnologia:

1. Aumento da produtividade

Diversos estudos mostram que o uso de inoculantes com Bradyrhizobium resulta em aumentos significativos de produtividade. Em áreas de primeiro cultivo de soja, a inoculação é fundamental, mas, no Brasil, a maior parte das áreas produtoras já foram inoculadas em algum momento.

No entanto, é importante considerar que a presença dessas bactérias em quantidades satisfatórias e ativas são limitadas por diversos fatores ambientais. Por isso, a inoculação em áreas que já foram inoculadas anteriormente tem sido associada a ganhos de até 12,5% de rendimento em algumas regiões. 

2. Sustentabilidade e qualidade do solo

Ao optar por inoculantes com Bradyrhizobium, o agricultor está adotando uma prática que, além de melhorar a eficiência produtiva, também contribui para a sustentabilidade e a qualidade do solo

O processo natural de fixação de nitrogênio melhora a saúde do solo, promovendo a atividade microbiana e aumentando a fertilidade de longo prazo. Isso favorece a preservação dos recursos naturais, mantendo o solo produtivo para cultivos futuros.

3. Redução de custos

Inoculantes biológicos, como os que contêm Bradyrhizobium, são uma opção econômica diante da alta demanda da soja. Isso porque, no geral, essas opções representam custos menores que os fertilizantes químicos, que precisam ser importados para o Brasil.

Essa diferença de custo permite que os produtores invistam mais eficientemente no manejo integrado de suas culturas, associando os químicos e os biológicos, melhorando a relação custo-benefício da produção de soja.

4. Maior resiliência das plantas

Com um bom sistema de nodulação proporcionado pelo Bradyrhizobium, as plantas de soja têm maior resistência a períodos de estresse, como seca ou variações de temperatura – fator extremamente importante diante do cenário atual de crise climática. 

Isso ocorre porque a fixação biológica de nitrogênio fornece uma fonte constante de nutrientes, mesmo em condições desafiadoras, o que resulta em plantas mais resilientes e capazes de manter seu crescimento e produtividade em situações adversas.

O que considerar na escolha do inoculante com Bradyrhizobium?

A escolha do inoculante adequado é fundamental para garantir o sucesso da fixação biológica de nitrogênio. Aqui estão alguns pontos essenciais que os produtores devem avaliar:

  1. Número de células viáveis: o inoculante deve garantir uma alta concentração de células de Bradyrhizobium, sendo que a legislação brasileira exige uma concentração mínima de 1 x 109 células viáveis de Bradyrhizobium spp. por grama ou mL do inoculante para a soja. Esse fator é crucial para que as bactérias consigam se estabelecer de maneira eficaz nas raízes da soja.
  2. Estirpes recomendadas: a escolha de estirpes eficientes, como Bradyrhizobium japonicum e Bradyrhizobium elkanii, é fundamental. Essas bactérias foram selecionadas por sua alta capacidade de nodulação e fixação de nitrogênio.
  3. Compatibilidade com tratamento de sementes: o tratamento de sementes pode envolver fungicidas ou micronutrientes, e o inoculante escolhido deve ser compatível com esses produtos para garantir a viabilidade das bactérias.

A evolução dos inoculantes: produtores ganham comodidade e eficiência com tecnologias atuais

Um dos desafios enfrentados pelos produtores de soja ao utilizar inoculantes é a compatibilidade com outros tratamentos aplicados nas sementes, como fungicidas e micronutrientes. 

Esses produtos são essenciais para a proteção das sementes contra pragas e doenças, além de otimizar a nutrição das plantas. No entanto, eles podem, em alguns casos, afetar a viabilidade das bactérias presentes nos inoculantes, como o Bradyrhizobium, limitando sua capacidade de fixar nitrogênio de forma eficaz.

Quando fungicidas ou micronutrientes entram em contato com as bactérias, há o risco de reduzir drasticamente a quantidade de células viáveis do inoculante, o que pode comprometer o processo de fixação biológica de nitrogênio (FBN). Esse problema é particularmente preocupante quando o tratamento é feito diretamente no campo, pois o controle sobre as doses aplicadas e o tempo de exposição entre o inoculante e os defensivos pode ser limitado.

A pré-inoculação como solução: tecnologia de Rizoliq® LLI

A pré-inoculação no Tratamento de Sementes Industrial (TSI) surge como uma solução eficiente para esse desafio. 

Produtos como Rizoliq® LLI foram desenvolvidos justamente para garantir a compatibilidade com defensivos agrícolas, fungicidas e outros tratamentos necessários às sementes. 

No TSI, as sementes passam por um processo controlado e preciso de aplicação, em que o inoculante é distribuído uniformemente, preservando a viabilidade das bactérias por até 60 dias, mesmo após a aplicação dos defensivos.

Essa tecnologia oferece várias vantagens para o produtor, como:

  1. Comodidade: as sementes chegam ao campo prontas para o plantio, já tratadas e inoculadas, eliminando a necessidade de retratamento nas fazendas e simplificando o processo operacional.
  2. Eficiência: com o tratamento controlado na indústria, feito com estirpes de Bradyrhizobium e concentração de 7 x 109 UFC/mL, há a certeza de que as doses corretas de inoculante e defensivos foram aplicadas de forma precisa, assegurando a máxima eficiência de ambos os insumos.
  3. Redução de riscos: como o tratamento é feito em ambiente industrial e as bactérias são protegidas durante o processo, o risco de que as bactérias do inoculante sejam prejudicadas pelo contato com fungicidas ou outros produtos é significativamente reduzido.

Com a pré-inoculação industrial, como no caso de Rizoliq® LLI, o produtor recebe uma semente que combina proteção contra pragas e doenças com a eficiência do inoculante biológico Bradyrhizobium

Isso assegura um plantio mais eficiente e uma nodulação adequada para que processo de fixação biológica de nitrogênio ocorra da forma esperada, maximizando o rendimento da soja sem comprometer a viabilidade do manejo químico.

Em resumo, Rizoliq® LLI oferece uma solução integrada que resolve a problemática da compatibilidade, assegurando que as sementes possam ser plantadas com comodidade e máxima eficiência, sem prejuízos à nodulação ou à proteção da lavoura.

O uso de inoculantes biológicos com Bradyrhizobium, como Rizoliq® LLI, é uma estratégia comprovada para otimizar a fixação biológica de nitrogênio e, ao mesmo tempo, promover um manejo mais eficiente e sustentável. 

Longe de competir com soluções químicas, os inoculantes e os bioinsumos, em geral, complementam o manejo integrado da cultura, proporcionando nutrição equilibrada e manejos robustos que maximizam o rendimento da soja.

Ao integrar soluções biológicas e químicas de forma inteligente, o agricultor pode alcançar uma lavoura mais saudável, produtiva e alinhada com os princípios de sustentabilidade, preservando tanto o solo quanto os recursos naturais para as futuras gerações.

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