Painel do One Agro Summit discute pilares financeiros transformadores para o Brasil
Como a instabilidade internacional pode transformar as estratégias do agro? Certamente, todos os olhos do mundo seguem voltados para a geopolítica e como ela tem interferido na economia.
Durante o One Agro Summit, primeiro encontro do movimento One Agro, que aconteceu em Brasília (DF) e reuniu diversos líderes do agronegócio e autoridades, especialistas destacaram que saber usar esse cenário pode trazer vantagens competitivas para o Brasil.
Enquanto o mundo atravessa um cenário de múltiplas crises simultâneas — da guerra no Leste Europeu às tensões no Oriente Médio e os impasses entre Estados Unidos e China —, o Brasil se vê diante de uma rara oportunidade histórica. Essa foi a principal mensagem do painel sobre geopolítica e finanças do One Agro.

Para Marcos Troyjo, posição do Brasil é estratégica
Marcos Troyjo, economista, diplomata e ex-presidente do Banco dos BRICS (Novo Banco de Desenvolvimento), usou o termo “policrise” para descrever o momento geoplítico atual. Segundo o economista, o termo representa uma era de sobreposição de conflitos e instabilidades que alteram a lógica tradicional das relações internacionais.
“O mundo vive um momento de crise em câmera lenta, com sobreposições de eventos disruptivos. E isso pode ser uma janela de oportunidade para o Brasil”, afirmou Troyjo.
Para ele, a posição do Brasil no tabuleiro global é estratégica: o país não é protagonista dos conflitos, mas é profundamente impactado por eles. E é justamente aí que mora a vantagem.
“Em meio ao risco, o Brasil pode ser solução. Somos uma superpotência ambiental e agroalimentar. O mundo quer segurança, previsibilidade e confiabilidade — e o agro brasileiro pode oferecer tudo isso”, destacou.
Troyjo ainda defendeu que o país precisa agir de forma mais ousada no cenário internacional. “Não basta esperar ser incluído. O Brasil precisa se posicionar como protagonista da transformação global”, pontuou.

Diretor de agronegócio do Itaú BBA, Pedro Barros, pontuou a importância da gestão financeira nas propriedade rurais
Solidez no agro: um novo olhar sobre as finanças
Pedro Barros, diretor de agronegócio do Itaú BBA, trouxe dados que reforçam o papel fundamental do Brasil na segurança alimentar global. Mesmo com as incertezas macroeconômicas, destacou a resiliência do setor.
“Mesmo com pressão no dólar, taxa de juros e instabilidade global, o agro brasileiro continua sólido. As margens apertaram, mas o setor está capitalizado e com capacidade de investimento”, avaliou.
Barros também chamou a atenção para a nova mentalidade dos produtores rurais em relação à gestão financeira. Segundo ele, há um amadurecimento importante que deve se intensificar nos próximos ciclos.
“O produtor brasileiro está cada vez mais profissional. Ele busca informação, entende de custo e já não toma decisões por impulso. Isso muda tudo no jogo de risco e retorno”, afirmou.
A visão estratégica do crescimento
Os especialistas foram unânimes ao defender que, diante das incertezas globais, o Brasil precisa deixar o improviso de lado e apostar em estratégia, previsibilidade e visão de longo prazo.
Para Marcos Troyjo, esse é o momento de construir uma narrativa internacional consistente, que posicione o país como parceiro confiável em temas-chave como segurança alimentar, transição energética e sustentabilidade.
“O Brasil precisa parar de se comportar como coadjuvante. Nós temos potencial para ser protagonistas”, concluiu.
Sustentabilidade como prioridade financeira
A sustentabilidade também foi pauta durante o painel. Afinal, deixou de ser um diferencial e passou a ser critério essencial para o financiamento no agro. Essa mensagem ganhou destaque a partir do comentário de Arnoud Van Den Berg, CEO da Aldahra.
“Precisamos buscar soluções criativas que integrem sustentabilidade e viabilidade econômica. Isso significa investir em tecnologias que reduzam o impacto ambiental ao mesmo tempo em que garantem retorno financeiro”, afirmou Van Den Berg.
A visão dele se alinha à de outros especialistas, como Pedro Barros, do Itaú BBA, que ressaltou que “a sustentabilidade não é mais uma opção; é uma prioridade”.

Evento reuniu lideranças e personalidades do agro brasileiro
Aurélio Pavinato, da SLC Agrícola, apontou os contratos de longo prazo como ferramentas importantes para consolidar investimentos em práticas sustentáveis no campo.
A mensagem foi clara: os investidores estão cada vez mais atentos ao impacto ambiental e social das operações agrícolas. Isso já está moldando oscritérios de crédito, osmodelos de negócios, bem como a relação entre o produtor e o mercado.
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