As culturas de HF têm vasta distribuição no Brasil, tanto na produção quanto no consumo nos lares brasileiros. A produção agrofamiliar é responsável por dois terços da produção de frutas, verduras e legumes da hortifruticultura em todo o país. Essa parcela representa 67% dos 15 milhões de produtores rurais brasileiros.

No ranking de maior produtor mundial de frutas, o Brasil ocupa a terceira posição, produzindo aproximadamente 45 milhões de toneladas ao ano, sendo 65% dessas destinadas a consumidores internos e 35% para o mercado externo.

Já em relação à produção de hortaliças, que é altamente diversificada e segmentada, seis espécies ganham destaque: batata, tomate, melancia, alface, cebola e cenoura. 

Além das regiões já conhecidas pela produção de HF – SP, MG e região Sul – novas regiões expandem sua produção, especialmente o Cerrado e o Nordeste.

Tal crescimento vem sendo impulsionado por condições climáticas e de relevo favoráveis, uso de altas tecnologias, incentivos para o desenvolvimento agrário, entre outros. Outro ponto que contribui para esse crescimento é o aumento da demanda, tanto para o mercado interno quanto para o externo.

Para implementar um melhor planejamento e assim obter bons resultados na produção, acompanhe os dados a seguir sobre projeções de mercado e andamento de safra das principais espécies do hortifrúti. (Fonte: Revista Hf Brasil)

Alface: aumento de doenças reduz a oferta e valoriza o produto

O ano começou com chuva em toda a região Sudeste, o que resultou em maior incidência de doenças, reduzindo ainda mais a oferta de alface, que já estava em baixa devido ao ritmo controlado de plantio desde o fim de 2022. 

No entanto, apesar da menor disponibilidade, a procura ainda enfraquecida limitou a alta nos preços. Em Mogi das Cruzes (SP), o valor da variedade crespa registrou aumento de 20% entre dezembro e janeiro, com média de R$ 1,06 a unidade. 

Já em Teresópolis (RJ), a cotação da crespa foi de R$ 19,64/cx com 24 unidades (+81,82%). A estimativa é de que, até final de fevereiro, as perdas somadas ao ritmo lento de plantio possam resultar em um déficit na produção.

Oferta: a disponibilidade da folhosa segue reduzida devido ao aumento na incidência de fungos e bacterioses.

Clima: a qualidade das alfaces é reduzida devido ao alto volume de chuvas nas regiões produtoras. 

Perspectivas 

Fitossanidade: as chuvas frequentes elevam a necessidade de um manejo adequado para o controle de doenças, podendo provocar alta nos custos. 

Demanda: a procura tende a crescer nas regiões produtoras com o início das aulas. 

Rentabilidade: apesar do leve aumento no custo unitário por conta do clima, a cotação elevada nesse início de ano eleva a rentabilidade.

Batata: volume das chuvas eleva as cotações

A primeira quinzena de janeiro foi marcada por um aumento expressivo nas cotações, já que o grande volume de chuvas dificultou as atividades no campo e controlou a oferta.

No entanto, no restante do mês, as precipitações diminuíram e os preços passaram a registrar queda. Assim, o valor da batata lavada tipo ágata ficou em R$ 74,95, alta de apenas 1,81% em relação ao mês anterior. 

As precipitações frequentes dos últimos meses também elevaram a incidência de doenças nas lavouras, comprometendo a qualidade dos tubérculos e a produtividade em algumas regiões. Porém, os bons preços de comercialização compensaram as perdas no campo.

Colheita: até o final fevereiro, as regiões de São Mateus do Sul, Irati, Ponta Grossa e Ibiraiaras encerram a colheita da temporada das águas.

Clima: o excesso de chuvas prejudica a qualidade e dificulta o controle fitossanitário.

Perspectivas 

Preços: com oferta controlada, os preços tendem a se manter em patamares elevados.

Colheita: atividades de campo devem ganhar ritmo na região de Guarapuava (PR).

Plantios das secas iniciam-se no Sul de Minas Gerais, assim como o das secas/inverno em Cristalina (GO).

Cebola: aumento da oferta e queda na qualidade reduzem os preços no Sul

A colheita de cebolas se intensificou em Ituporanga (SC) em janeiro. Como o clima favoreceu as atividades de campo, a oferta aumentou, resultando em queda de preços em todo o mercado nacional. 

Outro fator que pesou sobre as cotações foi a qualidade dos bulbos de SC, que acabaram florescendo devido às temperaturas amenas em novembro.

Apesar da desvalorização, a rentabilidade dos produtores se manteve elevada em janeiro, visto que os preços continuam altos. 

Em Minas Gerais e Goiás houve tentativa de adiantamento do plantio, porém as chuvas impossibilitaram a semeadura em alguns períodos.

Oferta: intensificação da colheita no Sul elevou o volume disponível

Qualidade: devido à temperatura abaixo do normal no final de 2022, as cebolas ainda apresentaram florescimento em janeiro.

Colheita: com a maior parte das cebolas já estocadas, a região Sul começa a reduzir a colheita até o final de fevereiro.

Perspectivas 

Preço: com boa parte das cebolas colhidas no Sul, o volume começa a diminuir gradualmente, e os preços podem subir.

Plantio: MG e GO tendem a intensificar o plantio nesse mês, e São Paulo também se prepara para semeadura.

Clima: com baixo volume de chuvas no Sul, a qualidade dos bulbos fica elevada. Já a umidade pode prejudicar os trabalhos nas lavouras do Sudeste.

Cenoura: a safra de verão iniciou com preços elevados

Os preços subiram em janeiro devido à redução da oferta nacional. As chuvas fortes em São Gotardo e Cristalina atrapalharam o plantio e a colheita, reduzindo a disponibilidade. 

Além disso, na região goiana, doenças preocupam: houve muito descarte com mela, mesmo com a tecnologia de resfriamento, pois o transporte acentua a doença, resultando em cenouras impróprias para consumo. 

Na Bahia, também houve muita chuva e descarte por conta do oídio. Já em Minas Gerais, mesmo com o elevado índice pluviométrico, as cenouras apresentaram boa qualidade. Com os altos preços, produtores vêm registrando boa rentabilidade.

Preços: aumento expressivo de 155% em São Gotardo (MG) e em Cristalina (GO).

Oferta: as chuvas reduziram a colheita e a disponibilidade em MG e GO. 

Qualidade: a mela prejudicou a qualidade das raízes em GO e o oídio causou descartes na BA.

Perspectivas 

Oferta: se as chuvas se mantiverem, a tendência é continuar restrita.

Preço: como consequência, as cotações podem manter-se elevadas. 

Clima: possível continuidade das chuvas em MG, GO e BA mantém produtores em alerta. Já no RS, a seca é um fator preocupante. 

Melancia: baixa oferta nacional resulta em preços firmes

Os preços da melancia iniciaram o ano em patamares elevados no Rio Grande do Sul – apesar da leve queda na segunda quinzena de janeiro. Esse cenário favoreceu a rentabilidade dos produtores gaúchos, visto que muitos investiram em irrigação para amenizar os efeitos do clima na produção.

Inclusive, as temperaturas elevadas e o tempo seco favoreceram a qualidade e a sanidade das frutas. Quanto ao plantio da safrinha em São Paulo, foi iniciado na segunda semana de janeiro, já que produtores acreditam que a safra do Sul terminará precocemente, devido ao clima. 

Já na Bahia, a colheita da segunda parte da safra está atrasada, devido às fortes chuvas no fim de 2022.

Oferta: com apenas as regiões produtoras de Encruzilhada do Sul e Bagé (RS) colhendo, a oferta nacional registrou queda em janeiro. 

Clima: chuvas frequentes em boa parte do país prejudicam  o plantio, a colheita e a demanda pela fruta. 

Qualidade: frutas colhidas no Sul têm ótima qualidade, devido ao clima favorável (quente e seco).

Perspectivas

Colheita: segue firme nas praças do RS e deve ter início gradual em Teixeira de Freitas (BA) e em SP.

Plantio: semeadura da safrinha paulista se encerra em fevereiro, enquanto em Uruana (GO), as atividades têm início.

Oferta: a nacional deve se manter limitada devido a atrasos na colheita da 2ª parte da safra baiana por causa de chuvas.

Tomate: intensificação da safra de verão pressiona preços 

Em janeiro, houve intensificação da colheita da safra de verão 2022/23, porém problemas na produtividade em algumas praças reduziram o volume em outras, frente ao que era esperado. 

Devido ao atraso nos plantios em Caçador (SC), a colheita só ganhou força no final do mês. Já Venda Nova do Imigrante (ES) encerrou a colheita das primeiras lavouras de verão antecipadamente, devido às precipitações, e algumas roças começaram a ser colhidas após o previsto.

A maioria das praças, com exceção das do Sul, vêm enfrentando chuvas volumosas desde dezembro/22. A produtividade, de modo geral, está menor diante de impactos de doenças e da menor qualidade.

Oferta: praças de verão aceleram ritmo de colheita.

Clima: precipitações frequentes e volumosas afetam lavouras de verão.

Produtividade: chuva e calor elevam problemas fitossanitários, assim, reduzindo a produtividade e a qualidade. 

Perspectivas 

Colheita: devido aos atrasos na safra de verão por conta do clima, o ritmo de colheita tende a ser mais acelerado.

Qualidade: os tomates em desenvolvimento no período de chuvas devem continuar com qualidade inferior.

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