Clima ameno e bons índices pluviométricos favorecem a maturação do café nas regiões produtoras do Brasil

Prontos para o início da colheita, os produtores voltam atenção para o clima no Brasil. Mais uma vez, a janela climática dita o ritmo dos trabalhos no parque cafeeiro do país. Se no Sul de Minas o rastro do veranico no início do ano ainda é um problema, nas áreas de café Conilon, no Espírito Santo, a perspectiva é de crescimento nesta safra.

Clima instável até o momento 

O início deste ano foi marcado por um intenso déficit hídrico em muitas áreas produtoras. No entanto, o mês de março apresentou uma leve recuperação no balanço hídrico do Sul de Minas e do interior de São Paulo, fator que colaborou para a boa granação e maturação dos grãos.

As lavouras apresentaram ligeira recuperação do déficit hídrico em abril 

O último boletim fitossanitário da Fundação Procafé, por exemplo, destacou uma média de 160 milímetros de chuvas nas áreas cafeeiras do Sul de Minas. Já as temperaturas na região chegaram à média de 22,3ºC.

Esse clima ameno e o armazenamento de água no solo em 95,6 mm também favoreceram as últimas etapas fenológicas do café que antecedem a colheita. Na região de Franca, interior de São Paulo, o cenário durante o mês de março foi preocupante, com a média de chuvas alcançando apenas 85,4 mm. 

Já se tratando do Cerrado Mineiro e da região das Matas de Minas, o cenário não ficou tão distante. O período seco, também combinado com altas temperaturas, prejudicou em determinado momento a granação.

No entanto, os volumes no final de abril, foram bem distribuídos e ajudaram não só no vigor das plantas, bem como, na umidade do solo e melhor desenvolvimento da lavoura.

“Hoje, observando as lavouras, vemos um vigor vegetativo considerado bom devido a essas últimas chuvas”, explica Fernando Couto, engenheiro agrônomo, especialista do Sebrae Educampo/ Expocacer. 

Como deve ficar o rendimento nesta safra?

O rendimento ainda é uma incógnita. Contudo, o pesquisador em cafeicultura, Gladyston Carvalho, da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), destaca que a expectativa é de uma peneira menor em relação à safra anterior, em função do pouco volume de chuva em fevereiro, somado às altas ondas de calor.

Mesmo com incertezas em relação ao rendimento, há expectativa quanto a qualidade que deve se manter no mesmo patamar do ano passado 

Apesar disso, se por um lado o clima prejudicou as lavouras no início do ano, em abril, as regiões produtoras registraram um volume considerável de chuvas.
“Nós presenciamos o aspecto das lavouras melhorarem nas regiões. Além da reposição de água no solo, nascentes e demais cursos d’água. Essas chuvas do mês de abril foram extremamente favoráveis, mas não podemos garantir quanto ao rendimento”.

Maturação e desenvolvimento da safra 25

Em comparação com a safra anterior, a maturação tem se mostrado melhor este ano para o período. O intervalo de florescimento em 2024 foi entre 10 a 15 dias, e a desuniformidade momentânea foi agravada pela seca de fevereiro de 2025, conforme aponta o pesquisador da Epamig.


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“Esse cenário adiantou um pouco os cafés do ponteiro, mas os frutos estão se desenvolvendo conforme o esperado. É comum a parte que está mais exposta ao sol antecipar um pouco mais e a parte que está mais protegida atrasar um pouquinho. Mas acredito que devemos chegar em meados de maio com a maioria das lavouras em condição de serem colhidas e com bom padrão de maturação”, enfatiza Gladyston.
Poucas áreas em Minas Gerais iniciaram a colheita. São casos pontuais, de acordo com balanço da Epamig. No entanto, as lavouras se mostram atrasadas, com apenas entre 30% e 40% dos frutos maduros em condição de colheita.

Robusta amazônico: maturação tardia na cafeicultura de Rondônia

No estado de Rondônia, principal produtor do café robusta, a maturação também está tardia este ano, mais uma vez em decorrência do clima.

De acordo com informações da Embrapa Rondônia, uma possível influência indireta do manejo nutricional também pode ter contribuído para esse resultado. 

Os cafés robusta da Amazônia, tiveram uma resposta melhor ao clima, quando comparado com os cafés da região de arábica 

“Temos a expectativa de que a safra seja menor do que o previsto pela Conab e que a produção do estado também fique menor em comparação com a safra 2023/2024. Vários técnicos têm observado lavouras com “rosetas bangueladas”, com baixa carga. E isso tudo é por conta do estresse climático do ano passado”, explica Enrique Alves, pesquisador da Embrapa Rondônia.

Mas, apesar dessa expectativa de safra abaixo da média, os frutos mostraram boa granação e, com bons investimentos em pós-colheita, a região tende a entregar bons resultados. “Como o café está com preço bom, os produtores investiram mais. E isso acaba por alterar algumas respostas fisiológicas nas plantas”, pontua Enrique.

Tudo indica um ano de safra baixa no estado, porém, com cafés de ótima qualidade. Enrique lembra que as lavouras têm mostrado boa copa pendente para a safra 26, e, a depender do clima, já se preparam para um próximo ciclo melhor. 

“Tivemos os efeitos de uma La Niña tímida, que colaborou para esse atraso. Mas, se tivermos uma normalidade, vamos ter uma excelente safra 26”, destaca.

Safra maior de Conilon no Brasil

Na contramão das demais regiões produtoras, o Espírito Santo, maior produtor de café conilon do Brasil, tem a colheita mais adiantada. Ao final de abril, alguns produtores já haviam iniciado a colheita. 

O estado também enfrentou dificuldades com o clima. Porém, as lavouras responderam positivamente às precipitações de abril, fomentando um bom pegamento e um excelente desenvolvimento vegetativo.

No Espírito Santo, os produtores esperam uma safra melhor e maior em comparação com o ciclo anterior 

“E podemos destacar ainda, que como as chuvas aconteceram nos períodos previstos, o pegamento foi excelente e os grãos estão maiores que nos anos anteriores”, afirmou Luiz Carlos Bastianello, presidente da Cooperativa Cooabriel.

Ainda de acordo com Bastianello, a expectativa para a safra de conilon é bastante positiva, tanto em termos de produtividade quanto de qualidade e tamanho dos grãos.

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