Nos últimos anos, as mudanças climáticas têm se mostrado um desafio crescente para a agricultura global. E para a cultura do trigo, o cenário não é diferente.

Em 2022, o Brasil produziu 10,55 milhões de toneladas de trigo, um recorde. Em 2023, a produção deve ser 22,8% menor, com uma estimativa de 9,6 milhões de toneladas.

Entre os fatores que mais influenciam a produção, podemos ressaltar a escolha da cultivar de acordo com o sistema de produção, fertilidade do solo, época de semeadura e, principalmente, o clima.

Neste blog, a Redação Mais Agro trouxe as principais informações que você, triticultor, precisa saber entre a relação de clima e trigo e, além disso, quais os principais alertas que precisam estar ligados atualmente.

Qual é o clima ideal para o desenvolvimento do trigo?

O cultivo de trigo no Brasil está concentrado na região Sul, com destaque para os Estados do Rio Grande do Sul e Paraná, que ficam com quase 85%. Porém, também há produção na Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal e Goiás.

plantação de trigo, com ceu limpo e ensolarado, sendo colheita com colheitadeira
O tipo de cultivar é o fator que acaba mudando, sendo adaptado para o clima da região.

Na região central (Cerrado), a época de plantio é de janeiro a fevereiro (sequeiro) e abril a maio (trigo irrigado). Já no Sul, a janela de semeadura é entre março e junho.

Por mais que seja conhecida por ser uma cultura de inverno, o trigo pode ser cultivado em regiões tropicais e subtropicais, que é o caso do Brasil.

Porém, atente-se às condições mais favoráveis para maiores produtividades: umidade do ar em 70% e temperaturas do solo entre 15 °C e 20 °C para a emergência da cultura.

Caso a umidade esteja muito elevada, aumenta-se o risco de danos fitossanitários, como o aparecimento de doenças, e pode afetar principalmente o plantio.

O trigo plantado na primavera pode suportar um clima mais quente, no entanto, temperaturas acima de 20°C são prejudiciais para o estabelecimento da cultura.

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Clima para o trigo na safra atual

Após duas safras em que o excesso de chuvas na colheita resultou em perdas, principalmente na qualidade, a safra atual está sendo prejudicada pela escassez hídrica e por geadas.

No momento atual, menos de 10% das lavouras brasileiras foram colhidas. Com grande parte dos grãos ainda no campo, novas perdas possuem chance de ocorrer.

As lavouras plantadas mais cedo (em Minas Gerais, Goiás, Bahia, Mato Grosso do Sul, São Paulo e parte do Paraná) enfrentaram estiagem. Muitas áreas ficaram mais de 40 dias sem precipitações.

Excluindo o Paraná, a produção nesses estados caiu 25,4%, de 1,400 milhão de toneladas para 1,045 milhão de toneladas, interrompendo uma sequência de cinco aumentos na produção.

Apenas na zona do trigo no extremo sul do Brasil houve registros de alta precipitação. Nessa região, o acumulado de chuvas superou os 50 milímetros, chegando a valores entre 50% e 100% acima da média para o período.

Na maior parte do país, incluindo outras áreas de produção de trigo, recebeu pouca ou nenhuma chuva. O volume de produção nacional estimado para essa safra é de 9,54 milhões de toneladas e produtividade média de 3,11 toneladas por hectare.

O que também não ajudou foi o frio. Entre os dias 8 e 15 de agosto, uma forte onda de frio atingiu o país, fazendo as temperaturas caírem mais de 5°C abaixo da média em diversas áreas, resultando em geadas em várias cidades.

Abaixo, detalhamos o status da safra e condições climáticas de cada estado.

Santa Catarina: safra tende a ser superior que a passada

Conforme dados do projeto de acompanhamento das safras desenvolvido pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), toda a área prevista para a safra de trigo já foi plantada.

Com o encerramento da semeadura do trigo, a estimativa de área foi atualizada: houve uma redução de 12,43% na área plantada em comparação com aquela registrada na safra anterior.

Com uma área de 130 mil hectares (-11,5%), estima-se uma produção de cerca de 400 mil toneladas (+33,3%).

A condição das lavouras é boa em 97% das áreas avaliadas e média nos outros 3%.

Na variação anual, em termos nominais, o preço médio recebido em julho de 2024 foi 2,2% menor do que o registrado em julho de 2023. Já na comparação do preço médio mensal de julho com os praticados nos primeiros dez dias de agosto, houve um recuo de 0,48% no valor da saca de 60kg.

Paraná: clima adverso impacta produtividade

No leste do Estado, onde houve registro de geadas, o índice de vigor das plantas (NDVI) apresentou dinâmica negativa, com queda acentuada dos valores, possivelmente indicando maior exposição ao frio neste ciclo ou um erro de leitura. Assim como no oeste do estado, será necessário aguardar alguns dias para confirmação.

Segundo a Conab, a produtividade do trigo no Paraná – que responde por cerca de 44% da produção nacional –  está estimada em 3 milhões de toneladas, 14,5% menor ante o ano passado.

Até o momento não há informações oficiais quanto a impactos negativos, porém, dados do Departamento de Economia Rural (Deral) indicam piora nas condiçoes da safra de trigo paranaense.

A área plantada foi de 1,153 milhão de hectares, uma queda de 19% em relação à safra passada, devido à perda de espaço para o milho safrinha e à forte estiagem.

A seca também afetou significativamente o desenvolvimento das lavouras, principalmente no norte, centro e oeste do estado.

Com as geadas ocorridas em agosto, estima-se que o potencial produtivo do estado, inicialmente previsto em cerca de 3,8 milhões de toneladas, fique em torno de 2,688 milhões de toneladas. Se confirmada essa quebra, a produtividade terá uma redução de 9,5% em relação à safra anterior (quando o excesso de chuva causou perdas significativas na região dos Campos Gerais). A redução em relação ao potencial inicial de produtividade será de 26%.

Dessa forma, esta será a terceira safra consecutiva de perdas significativas no Paraná, com a diferença de que, nas duas safras anteriores, as perdas foram causadas por excesso de chuva, resultando em perdas qualitativas.

Rio Grande do Sul: lavouras encontram condições climáticas favoráveis

No Rio Grande do Sul, com 1,280 milhão de hectares plantados (-11,7%), o potencial produtivo é próximo a 4,0 milhões de toneladas (+27%). Ou seja, a colheita gaúcha poderá ser 44,5% maior, para 4,19 milhões de toneladas, segundo a Conab.

Por mais que o NDVI (Índice de Estado de Vegetação) registrou queda significativa após a onda de frio, mostrou uma leve piora, considerada normal para o ciclo das lavouras.

Na safra atual, após um leve atraso devido ao excesso de chuvas, as lavouras encontram condições climáticas favoráveis. A ocorrência de geadas entre 12 e 14 de agosto, seguida pelo aumento das temperaturas, proporcionou condições favoráveis para o desenvolvimento vegetativo das lavouras no Rio Grande do Sul, especialmente as semeadas no final da janela recomendada de plantio.

De modo geral, as condições para o desenvolvimento e crescimento do trigo no estado são consideradas adequadas. As plantas estão emitindo mais folhas e ocupando melhor os espaços com perfilhamento dentro da normalidade, com folhas novas de coloração verde-escura e vigorosas.

A sanidade das lavouras está satisfatória, e a baixa umidade, combinada com baixas temperaturas no início do período, desacelerou o progresso de doenças, em particular o oídio.

Com quase todas as lavouras catarinenses e gaúchas no campo, o risco climático ainda não pode ser descartado. No entanto, até o momento, apenas esses dois estados mantêm seu potencial produtivo inicial.

A área plantada no Brasil foi de 2,940 milhões de hectares, uma queda de 13,9% em relação à safra anterior. A produção estimada é de 8,133 milhões de toneladas, contra 8,500 milhões de toneladas da safra anterior (-4,3%).

Se essa safra se confirmar, o total de trigo nacional disponível para os moinhos será de 5,672 milhões de toneladas, superior aos 4,931 milhões de toneladas do ciclo comercial anterior (quando 2,819 milhões de toneladas de trigo de baixo padrão foram exportadas).

Como lidar com desafios causados pelas mudanças climáticas?

Pensando no cenário brasileiro, o clima nas lavouras de trigo nas principais regiões produtoras do país tem se mostrado em dois extremos: seca ou excesso de chuvas.

No caso da seca, os prejuízos recaem na qualidade do grão:

  • Redução da massa seca da espiga
  • Redução da massa de mil sementes
  • Redução do número de grãos por espiga
  • Atraso do afilhamento.

Como forma de mitigar esses danos, uma boa saída é investir em cultivares que sejam mais resistentes, de forma que consomem menos água nos períodos de estiagem.

Por outro lado, as chuvas em excesso causam:

  • Brotação de grãos nas espigas: mesmo após a maturação fisiológica, os grãos podem brotar nas espigas, comprometendo a qualidade da produção.
  • Doenças fúngicas: a umidade em excesso facilita o aparecimento de doenças como mancha-amarela e giberela
  • Prejuízo ao sistema radicular das plantas: por conta do encharcamento e apodrecimento do sistema radicular das plantas.

Da perspectiva das doenças, o controle é ainda mais importante, já que cada uma delas pode causar uma diminuição de até 50% no rendimento do trigo.

Trigo afetado por doença fúngica giberela
A giberela é uma das doenças mais expressivas do trigo, podendo diminuir a produtividade e contaminar os grãos

Quando aparecem simultaneamente, as perdas podem ser ainda mais severas. Isso ocorre porque a mancha-amarela afeta principalmente o período vegetativo da cultura, enquanto a giberela se manifesta durante o período reprodutivo.

Mesmo que a cultura seja cultivada com intervalo de tempo entre oito e nove meses (com início da semeadura em junho e início da colheita em outubro para a maior parte das regiões produtoras), o período não é suficiente para que os restos culturais sejam totalmente decompostos.

Pesquisas mostram que são necessários pelo menos 18 meses para que a decomposição completa ocorra, servindo, portanto, como fonte de inóculo inicial para a ocorrência dessas e de demais doenças na cultura.

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