Após alguns meses de baixa, a China, o maior importador da soja brasileira, voltou a elevar a compra do produto nacional. Esse cenário foi impulsionado pela onda de calor nas regiões de cultivo da oleaginosa nos Estados Unidos, com reflexos negativos na produtividade americana.
Outros fatores que devem contribuir para esse impulso são o controle da PSA (Peste Suína Africana) no país asiático e as ações contra a pandemia da Covid-19. Medidas rígidas de quarentena e diretrizes seguidas pelos produtores chineses fizeram com que a economia do país se recuperasse rapidamente, como consequência, houve aumento considerável do rebanho de porcos local.
Demanda chinesa aquecida
De acordo com projeções do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China, o rebanho suíno do país deve passar de 440 para 550 milhões de cabeças em 2021, o que demandará uma quantidade ainda maior de soja. Considerando esse cenário, a oferta interna não suprirá a demanda aquecida. Na última safra global do grão, o país foi o grande responsável pelo incremento das importações mundiais do produto.
Além de provável aquisição para composição de estoques, a recomposição do rebanho suíno chinês pressionou a demanda pela soja, bem como pelo milho, para ração animal. Com o rebanho já praticamente recomposto, a perspectiva é de suavização na taxa de crescimento da necessidade da oleaginosa, reduzindo a pressão altista pelo produto. Isso não significa contração na demanda, ao contrário, será o patamar mais elevado já atingido, respondendo ao rebanho suíno.
Do ponto de vista de alguns analistas de mercado do Brasil, o cenário é positivo para a economia do país. Porém, os produtores brasileiros precisam ficar atentos, pois o aumento da procura pelo produto, quando se trata de suprir as necessidades do mercado chinês, pode causar efeitos colaterais caso o processo não seja feito de forma cuidadosa em toda a cadeia produtiva, visto que se trata de uma demanda com proporções gigantescas.
Cenário externo estimula a exportação brasileira de soja
O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou, na penúltima semana de agosto, um estudo sobre o comércio exterior do agronegócio brasileiro, junto do balanço de oferta e demanda mundial dos principais produtos. A balança comercial dos produtos do setor fechou o mês de junho de 2021 com saldo positivo de US$ 10,8 bilhões. De janeiro até junho, o agronegócio exportou US$ 61,5 bilhões, superando o volume comercializado no mesmo período do ano passado – US$ 50,9 bilhões, o que corresponde a um crescimento de 20,9%.
O aumento da demanda mundial da soja e do milho vem contribuindo para o crescimento da produção a cada safra, principalmente no Brasil. Observa-se, porém, que os estoques de soja e milho estão cada vez mais baixos, uma vez que boa parte desses estoques estão em território chinês. Apesar disso, a soja é o único produto na China que os estoques e a produção não atendem à demanda doméstica, o que sinaliza uma boa perspectiva para o produtor rural brasileiro que começa a planejar a safra 2021/22.
De acordo com o IPEA, a soja segue como o principal produto de exportação brasileira. Só no primeiro semestre de 2021, houve alta de 25,3% no valor, apesar da queda de 2,2% em quantidade. No país, apesar do plantio tardio decorrente do atraso na janela climática ideal, a maior parte da safra já foi colhida. Mesmo assim, o IBGE e a Conab indicam para a possibilidade de um novo recorde de produção nacional na safra 2020/21 – crescimento de 9,65 e 8,9%, respectivamente – que deverá manter o Brasil como maior produtor e exportador mundial de soja. Os países Brasil, Estados Unidos e Argentina representam, juntos, 90,5% das exportações mundiais do grão.
Apesar do agronegócio ser um setor tipicamente exportador, as importações avançaram 20,2% no primeiro semestre de 2021, passando de US$ 6,2 bilhões para US$ 7,5 bilhões. A China segue como o principal destino das exportações do agronegócio brasileiro, com 39% das exportações em valor, seguida pela União Europeia (14,5%) e Estados Unidos (6,4%), no primeiro semestre desse ano. Os três juntos representam quase 60% do total exportado pelo Brasil. Em comparação com o mesmo período de 2020, a China aumentou as importações em 20,1%, assim como a União Europeia (16,5%) e os Estados Unidos (30,2%).
Perspectivas para a safra 2021/22 de soja no Brasil
A Conab divulgou recentemente uma pesquisa sobre as perspectivas para as futuras safras 2021/22. Segundo o levantamento, a estimativa é positiva e a produção deve crescer para 141,26 milhões de toneladas em 2022, 3,9% a mais que na safra 20/21. No mercado internacional, com a estimativa de aumento da demanda chinesa e com câmbio elevado em 2022, as exportações devem passar 83,42 milhões de toneladas em 2021 para 87,58 milhões de toneladas de soja em 2022.
Diante desse cenário positivo e otimista, o Brasil deve continuar a ser o maior produtor mundial de soja em 2022, seguido de países como Estados Unidos e Argentina. Além disso, a China deve aumentar os esmagamentos e a importação de grãos, estimulando uma alta nas exportações mundiais.
Portanto, com estoques mundiais baixos e com a demanda chinesa aquecida, a expectativa é que deve-se manter preços nacionais em patamares elevados, também diante dos preços internacionais e da desvalorização do dólar.
E falando em soja, vem aí a segunda temporada do evento “De Produtor para Produtor”, que acontecerá dia 30 de setembro às 19 horas (horário de Brasília), no canal do YouTube da Syngenta.
O evento tem como principal objetivo contribuir para que o sojicultor extraia o máximo das próximas safras e, para isso, propõe conversas online, mostra tendências climáticas e dados importantes sobre o mercado.
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