A alta do dólar é sempre um tema de grande interesse para o agronegócio, pois influencia diretamente a competitividade e o desempenho do setor. No Brasil, o câmbio elevado tem se mostrado uma vantagem estratégica para os exportadores de grãos, compensando desafios do mercado internacional e fortalecendo os preços internos.
Neste artigo, vamos explorar como o dólar mais forte afeta o agro brasileiro, os fundamentos por trás dessa alta.
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O papel do dólar no agro brasileiro
Desde a safra 2009/10, o Brasil experimentou um crescimento expressivo na área plantada com grãos. Durante esse período, o preço da soja ao produtor em Sorriso (MT) subiu de R$ 28 para R$ 108 por saca, com impressionantes R$ 79 desse aumento atribuídos ao câmbio. Isso evidencia que o Brasil não exporta apenas commodities como soja e milho, mas também o fluxo de dólares associado a essas transações.
Como dizia Delfim Neto: “O Agro é Câmbio”. A valorização do dólar eleva os preços recebidos pelos produtores, melhora as margens e fortalece a competitividade no mercado internacional.
O que está por trás da alta do dólar?
A recente valorização do dólar tem como pano de fundo uma série de fatores globais e domésticos:
- Conflitos internacionais: A escalada de tensões e guerras comerciais está promovendo uma nova dinâmica econômica global, com países adotando políticas mais protecionistas.
- Inflação e juros elevados: A incerteza econômica global tem redirecionado capitais de mercados emergentes para economias mais estáveis, pressionando ainda mais o câmbio.
- Fatores fiscais no Brasil: A falta de clareza sobre a gestão fiscal do governo brasileiro adiciona volatilidade ao câmbio, desvalorizando o real em relação a moeda americana.
Impactos para a safra 24/25
A alta do dólar tem reflexos diretos no agro, principalmente na safra 24/25. Entre os principais impactos estão:
- Melhores preços: A valorização do câmbio beneficia a formação de preços ao produtor, que sobem mais do que os custos de produção. Para a soja, cada aumento de 10 centavos no dólar representa um ganho de R$ 2,50 por saca, enquanto os custos crescem apenas R$ 1,00.
- Capacidade de investimento: Com melhores margens e maior geração de caixa é possível reduzir a alavancagem financeira, facilitando o acesso ao crédito e novos investimentos.
- Custos dolarizados: Insumos como defensivos e fertilizantes são impactados pela alta do dólar, mas outros componentes, como mão de obra, não sofrem alterações diretas, equilibrando os custos gerais.
- Expansão do plantio: A perspectiva de preços e margens melhores deve estimular o plantio do milho segunda safra e amenizar possíveis reduções de investimento na soja na safra 25/26.
Fundamentos do mercado: riscos ainda presentes
Apesar dos benefícios do câmbio, o principal desafio do mercado continua sendo o excesso de oferta global. O balanço de soja para a safra 24/25 permanece “super-superavitário”, com produção superior à demanda. Essa realidade deveria pressionar preços e desestimular o plantio, mas o câmbio elevado está mascarando parte dessa correção.
Se o cenário atual persistir, ajustes mais significativos na área plantada poderão ser adiados, especialmente no Brasil e na Argentina, enquanto os Estados Unidos – com menor competitividade cambial – podem ser obrigados a reduzir sua produção.
Olhando para o futuro
O cenário atual traz alívio para os produtores brasileiros no curto prazo, mas os desafios permanecem. A alta do dólar é uma oportunidade que deve ser aproveitada estrategicamente, especialmente para minimizar riscos e fortalecer a sustentabilidade financeira do setor.
Por outro lado, é importante lembrar que fundamentos baixistas, como o excesso de oferta, não desapareceram. Produtores e analistas devem continuar atentos às mudanças no mercado e às condições climáticas, que podem influenciar as próximas safras.
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