O Brasil está avançando no fortalecimento dos biocombustíveis, e esse movimento pode transformar o mercado de grãos nos próximos anos. Em 13 de março, a Câmara dos Deputados deu um passo importante ao aprovar o Projeto Combustíveis do Futuro, que foi aprovado pelo Senado em 4 de setembro.

No entanto, como o projeto sofreu algumas alterações, ele retornará à Câmara para uma nova votação antes de seguir para sanção presidencial. O projeto prevê incentivos à descarbonização do setor de combustíveis, incluindo programas nacionais de diesel verde (HVO) e combustível sustentável para aviação (SAF), além do aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, que pode variar entre 22% e 35%, e de biodiesel no diesel fóssil.

Essa proposta, que incentiva o uso de combustíveis renováveis, abre mais uma janela de oportunidade para o agronegócio do país.

Impactos no mercado de grãos

Com a aprovação do projeto, a demanda por milho e soja no Brasil pode crescer substancialmente. A produção de etanol de milho, projetada pela Agroconsult, poderá mais do que dobrar até 2030, e o consumo de milho para produção de etanol, que hoje é de 17 milhões de toneladas, pode ultrapassar a barreira dos 30 milhões de toneladas – isso representaria quase um terço de todo o consumo interno.

No caso do biodiesel, com uma mistura obrigatória de 20% ao diesel e mantendo-se a soja como principal matéria-prima, a demanda por essa oleaginosa poderia saltar de 29 milhões para 50 milhões de toneladas nos próximos seis anos.

Contexto legal e global

Esse impulso no mercado de grãos é parte de um movimento global para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Grandes economias como China e Estados Unidos se comprometeram a triplicar a geração de energia renovável até 2030, o que inclui uma crescente demanda por biocombustíveis.

No Brasil, essa transição é ainda mais evidente, com as fontes renováveis representando cerca de 45% da matriz energética do país em 2023, comparado a uma média mundial de 15%.

Oportunidades e desafios

O aumento da produção de biocombustíveis representa tanto uma oportunidade quanto um desafio para o setor agropecuário brasileiro. A maior demanda por grãos para biocombustíveis pode estimular o crescimento do mercado de insumos, a ampliação da indústria de etanol de milho, o esmagamento de soja e o refinamento de combustíveis.

No entanto, isso também exigirá investimentos significativos em infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e cultivares.

Principais Biocombustíveis do Futuro

  1. Diesel Verde (HVO): Um óleo vegetal hidrotratado, sem oxigênio na molécula, que pode ser misturado ao diesel convencional ou usado puro sem adaptações nos motores. Ele emite até 90% menos gases de efeito estufa (GEE) em comparação ao diesel fóssil.
  2. SAF (Sustainable Aviation Fuel): Combustível sustentável para aviação, produzido a partir de matérias-primas como óleos vegetais e resíduos agrícolas. O SAF pode substituir diretamente o querosene de aviação.
  3. Biometano: Um gás renovável produzido a partir do biogás, equivalente ao gás natural e que pode ser usado como GNV para veículos ou injetado diretamente nas redes de gás.

O Brasil está em uma posição estratégica para liderar a transição global para uma economia mais sustentável. A aprovação do Programa Combustíveis do Futuro pode não apenas impulsionar o mercado de grãos, mas também consolidar o país como um protagonista no cenário global de energia renovável.

No entanto, é crucial que o setor esteja preparado para os desafios que acompanham essa transformação, desde a necessidade de novas tecnologias até a expansão da infraestrutura logística e de produção.

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