A safra de soja 2024/25 vem se consolidando com uma produção recorde, de 168,34 milhões de toneladas, conforme divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Para alcançar tal feito, sojicultores de todo o Brasil tiveram que superar desafios únicos, intrínsecos a cada região.
Um desses desafios foram as instabilidades climáticas, que geraram atraso e replantios das lavouras no início da safra, assim como a ocorrência de problemas fitossanitários, como a ferrugem-asiática-da-soja.
A ferrugem-asiática-da-soja é uma doença com um longo histórico no Brasil e que preocupa produtores, visto o seu potencial para comprometer em até 90% a produtividade das lavouras.
Visando mitigar os prejuízos causados por essa doença, o vazio sanitário foi criado e vem sendo cumprido em todas as regiões produtoras do país, seguindo as regulamentações estabelecidas pelo MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária).
Neste conteúdo, entenda a importância do vazio sanitário como medida para o controle da ferrugem-asiática-da-soja, como essa doença evoluiu na safra 2024/2025 e quais as datas para cada Estado executar o vazio sanitário em 2025. Leia mais a seguir!
O vazio sanitário e a sua importância no controle da ferrugem-asiática-da-soja
Instituído pela primeira vez em 2006, o vazio sanitário da soja surgiu como uma estratégia para conter o avanço da ferrugem-asiática no país, que já registrava os primeiros casos da doença desde 2001.
Essa estratégia consistia em manter a lavoura sem plantas de soja cultivadas ou voluntárias por um período contínuo mínimo de 90 dias, a fim de eliminar qualquer possível estrutura reprodutiva do agente causal da ferrugem-asiática, o fungo Phakopsora pachyrhizi.
Naquela época, o país registrava um dos primeiros recordes, com mais de 1000 casos registrados. E, nas safras subsequentes, o número de casos praticamente triplicou e impulsionou a regulamentação do vazio sanitário em cada Estado brasileiro.
Inicialmente, o vazio sanitário da soja foi regulamentado somente para os Estados de Mato Grosso, Goiás e Tocantins, e se expandiu para os demais progressivamente com a criação do Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja (PNCFS) em 2007.
Criado pelo MAPA, o PNCFS instituiu a obrigatoriedade de cada Estado formar comitês para o controle da ferrugem-asiática, o que resultou na redução progressiva da doença no país, que passou do recorde de 2884 casos registrados na safra 2008/2009 para apenas 265 casos na safra 2011/2012.

Apesar do progresso expressivo no controle da ferrugem-asiática, os resultados ainda não são tão consistentes, havendo momentos de aumento no número de casos em razão de inúmeros fatores, como as instabilidades climáticas.
Pensando nisso, em 2021, o MAPA atualizou o PNCFS, com destaque para a criação do calendário de vazio sanitário e de semeadura para cada Estado, como medida para controlar o fungo causador da ferrugem-asiática e racionalizar o uso de fungicidas.
Como foram os casos de ferrugem-asiática na última safra?
Na última safra (2024/25), foram relatados 124 casos de ferrugem-asiática em nove Estados Brasileiros, com o maior número de casos se concentrando na região Sul do país, com destaque para o Paraná, com 66 casos, e o Rio Grande do Sul, com 25 casos.
Esses dados mostram o menor índice da série histórica divulgada pelo Consórcio Antiferrugem, um projeto coordenado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Soja que fornece dados atualizados e em tempo real sobre a propagação da doença, como evidenciado no Mapa de Dispersão a seguir, de maio de 2025.

O número de casos na safra 2024/2025 reflete um avanço significativo no controle da ferrugem-asiática no Brasil em relação à safra anterior, 2023/2024, que registrou 326 casos. Tal avanço permitiu a flexibilização do calendário de semeadura em algumas regiões, alegando a “condição de excepcionalidade”, prevista na Portaria n.º 865 do MAPA.
No Oeste da Bahia, o MAPA permitiu o plantio excepcional de soja irrigada, atendendo ao pedido da Abapa (Associação Baiana dos Produtores de Algodão), que buscava reduzir o risco climático da subsequente safra de algodão.
A antecipação da semeadura da soja em caráter excepcional já vinha sendo praticada na região nas últimas duas safras, com autorização da Adab (Agência de Defesa Agropecuária da Bahia). Tal prática proporcionou resultados positivos na redução de casos na região, que registrou uma produtividade média de 70-71 sacas por hectare.
No total, mais de 100 mil hectares no oeste da Bahia foram plantados sob a autorização excepcional, sendo que a fase de emergência da soja foi antecipada para 25 de setembro, sendo antes programada para iniciar apenas no dia 8 de outubro. Ao final da safra 2024/25, o oeste da Bahia registrou apenas três casos de ferrugem-asiática, o menor número já registrado pelo Consórcio Antiferrugem.
O que esperar da ferrugem-asiática da soja para safra 2025/26?
Para safra 2025/26, o sojicultor pode esperar uma condição climática mais instável e irregular, em razão do estado de neutralidade climática do Oceano Pacífico, que pode impactar positiva ou negativamente no manejo da ferrugem-asiática no país.
De acordo com a instituição dos Estados Unidos para tempo e clima, a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) o Oceano Pacífico voltou ao estado de neutralidade climática, sem prevalência de El Nino ou La Nina.

Esses dois fenômenos climáticos globais afetam a temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico, impactando significativamente os indicadores de temperatura e precipitação em nível mundial.
Na safra passada, o fenômeno La Niña prevaleceu, favorecendo a formação de chuvas e a e ocorrência de frentes frias no Norte e no Nordeste, e períodos de seca e temperaturas elevadas na região Sul. Isso fez com que a maior parte dos casos de ferrugem-asiática se concentrassem na região Sul, já que essas condições climáticas foram mais favoráveis ao desenvolvimento do patógeno.
Porém, a região Sul deve enfrentar uma instabilidade climática significativa na próxima safra, com períodos de seca e chuva se alternando com maior frequência. Enquanto que, para o Norte e o Nordeste, a previsão é de que as chuvas diminuam.
Portanto, o produtor deve estar preparado para enfrentar esse cenário climático instável, se valendo de todos os recursos e as estratégias necessárias para prevenção e controle da ferrugem-asiática na safra 2025/26.
Um desses recursos é o vazio sanitário da soja de 2025, que já foi divulgado pelo MAPA em abril deste ano.
Como ficam as datas do vazio sanitário para 2025?
Em 2025, o MAPA publicou as datas de vazio sanitário e calendário de semeadura da soja para a safra 2025/26, por meio da Portaria SDA/MAPA n.º 1.271 de 30 de abril de 2025, que podem ser conferidas no infográfico abaixo:

A principal mudança no vazio sanitário da soja em 2025 foi para o Estado da Bahia, que agora passa a ser dividido em três regiões agrícolas, que seguirão datas independentes para o vazio sanitário e o período de semeadura.
Tanto o vazio sanitário quanto o período de semeadura são construídos de forma participativa, envolvendo as Secretarias Estaduais de Agricultura, entidades representativas do setor agropecuário e órgãos estaduais de defesa sanitária vegetal.
O vazio sanitário e o período de semeadura devem fazer parte do manejo integrado de doenças da soja
Para mitigar os danos causados pela ferrugem-asiática e conter sua disseminação, é fundamental seguir rigorosamente o período de vazio sanitário, respeitar as datas estabelecidas no calendário agrícola e adotar estratégias preventivas de manejo.
Paralelamente, recomenda-se o uso de fungicidas sítio-específicos, combinados com produtos multissítios no manejo preventivo da doença, preferencialmente antes do fechamento das entrelinhas da lavoura. Essa prática amplia a eficácia do controle, não só contra a ferrugem-asiática, mas também contra outras doenças comuns na soja.
A implementação consistente dessas medidas preventivas, aliada ao cumprimento do vazio sanitário e do calendário de plantio, tem impulsionado avanços significativos no controle nacional da ferrugem-asiática.
Essa abordagem contribui para a redução progressiva da incidência da doença a cada safra, além de fortalecer a posição do Brasil no mercado internacional.
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