Com produtividade elevada ano após ano, a soja – principal produto exportado pelo Brasil – começou 2020 com o registro de uma super safra. Na temporada 2019/2020, as estimativas são de 126 milhões de toneladas de grãos colhidos.
Setor fundamental na economia do país, o agronegócio representa uma porcentagem significativa no PIB (Produto Interno Bruto), tendo atingido o índice de 21,4% em 2019. Neste ano de 2020, que começou bem para o setor agrícola, esse índice registrou um aumento de 3% em comparação ao período anterior.
No Brasil, há mais de 15 milhões de pessoas, segundo o último Censo Agro do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ocupadas em alguma atividade agropecuária, o que comprova o papel importantíssimo do agro na economia, gerando empregos e contribuindo para o desenvolvimento regional.
Em relação à soja, atualmente cerca de 243 mil produtores vivem da cultura no país, gerando cerca de 1,4 milhões de empregos diretos e outros milhões de forma indireta e induzida.
Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), este movimento positivo é resultado do impulsionamento das médias de valor das culturas, que cresceu cerca de 6%, influenciado pelas principais commodities agrícolas.
Mesmo durante um período de recessão mundial, a comercialização da soja segue a todo vapor. Em abril, os preços do grão atingiram novos patamares recordes, resultado da alta na moeda americana, que favorece ainda mais as exportações do produto.
Com a constante crescente na demanda externa, o volume comercializado de soja chegou a 80%, sendo que 20% da safra 2020/2021 já foi comercializada através da venda antecipada, comprovando a confiança no setor agro brasileiro.
Protagonista quando o assunto são as exportações, a soja tem demanda crescente em relação a outras sementes e a versatilidade do produto indica que isso deve se manter por ainda mais tempo.
Ração, leite, óleo, farinha, manteiga, proteínas, tofu: a soja é matéria-prima para diversos produtos e não se restringe ao mercado externo, atendendo também às demandas de consumo do Brasil.
O crescimento da cultura no país
Segundo a Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja), a história do Brasil com o grão começou em 1901, mas o momento que marcou, de fato, a expansão das áreas de cultivo aconteceu em 1970, quando a indústria de óleo começou a crescer, gerando mais demanda para os produtores da oleaginosa.
Além disso, o aumento da necessidade internacional pela soja – em especial da China, considerado hoje o principal destino do grão exportado pelo Brasil – também influenciou para o crescimento da cultura no país.
Associada ao desenvolvimento da tecnologia e das pesquisas que visavam as melhores práticas para obter resultados superiores no campo, a evolução do cultivo da soja aconteceu através da adoção de técnicas de plantio direto, que contribuíram para a inserção da cultura nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte.
Por se tratar de uma planta que permite a fixação de nitrogênio no solo, sendo isso fundamental para o seu crescimento e também para o plantio de outros grãos, como feijão e milho, essa característica também foi um aspecto positivo para o crescimento da cultura no país, já que tornava a entressafra um momento produtivo.
Consequência do crescimento do segmento no Brasil e da alta nas exportações do produto, com o auxílio de investimentos públicos e privados, as estruturas de armazenagem, unidades de processamento do grão e vias para o escoamento da produção passaram a fazer parte da realidade da cadeia produtiva da soja.
Percevejos: como combater essa ameaça à lavoura
A indústria química teve e ainda tem um papel muito importante nos números tão positivos que a soja tem no Brasil e no mundo. Todas as partes envolvidas desde o plantio até a colheita são essenciais, e não é diferente quando se trata da sanidade da planta e das expectativas do produtor em relação a produtividade e qualidade. São muitas as ameaças que podem comprometer a lavoura de soja, entre elas, os percevejos, que geram muita preocupação.
Esses, são insetos sugadores de sementes, considerados em vários países como uma das ameaças de maior importância para a cultura da soja, em especial as espécies Euschistus heros, Piezodorus guildinii e Nezara viridula, mais comuns nas lavouras do Brasil.
O ataque acontece quando os percevejos se alimentam, inserindo estiletes em diferentes partes da estrutura da planta, em especial nas vagens, prejudicando diretamente os grãos da soja e a produtividade da lavoura.
A ação dos percevejos pode gerar perdas significativas no rendimento, no potencial germinativo e na qualidade da soja. Além disso, ele contribui para a redução do vetor de óleo da soja, aumentando a porcentagem de ácidos graxos livres e proteínas nas sementes e a transmissão de distúrbios fisiológicos e patógenos.
A incidência mais comum dos percevejos na lavoura ocorre no período do início da frutificação, o ponto de acúmulo máximo de matéria seca no grão e de maior sensibilidade da soja ao ataque dos sugadores.
No entanto, esses pentatomídeos podem se alojar na lavoura até mesmo durante o período vegetativo, o que permite que a população cresça progressivamente e o ataque à planta seja ainda mais grave.
Por isso, conhecer estes inimigos da lavoura é essencial para controlá-los desde o início e fugir dos prejuízos que eles podem causar. Entre as espécies mais encontradas na lavoura, as que se destacam e merecem atenção do produtor estão:
●Percevejo-verde
A espécie Nezara viridula ataca no final do ciclo e encontra na vagem da soja sua principal fonte de alimento. Existem registros de ataques de percevejo-verde ao redor de todo o globo, mas, por se tratar de um inseto que se adapta mais a regiões frias, aqui no Brasil ele é ainda mais comum na região Sul.
Seis gerações do percevejo-verde podem se desenvolver em um único ano, a depender, também, das culturas que se sucedem num mesmo território.
Por ser um inseto polífago, ou seja, poder se alimentar de diversas espécies de plantas, o percevejo se mantém em atividade ao longo de todo o ano, buscando sempre regiões com temperaturas mais amenas.
Quando atacam os grãos, ocasionam redução drástica de massa, tornando-os deformados. Já em áreas de produção de sementes, o ataque desse percevejo se torna ainda mais crítico, já que os danos que causa impactam diretamente na redução do vigor e do potencial germinativo das sementes.
O ciclo de vida do percevejo dura, com uma fonte de alimento e em boas condições climáticas, até 50 dias. A reprodução ocorre quando a fêmea deposita seus ovos de cor bege numa espécie de colméia, que abriga entre 50 e 100 ovos.
Abrigadas na parte inferior das folhas, as ninfas, quando eclodem, tem aparência escura, com manchas claras na parte superior do corpo, e permanecem juntas até o próximo ínstar, quando passarão a se alimentar dos grãos da oleaginosa.
A partir do 3° ínstar, as ninfas podem ser responsáveis por até ⅔ dos danos em soja. Estudos apontam que o potencial de dano médio diário estimado para o percevejo-verde é de 0,16 g/planta a cada 1 percevejo/planta.
O desenvolvimento acontece entre 15 e 20 dias, de acordo com o clima e a alimentação. Na fase adulta, os percevejos chegam a medir até 15 mm e têm o corpo todo na cor verde, similar ao tom de verde das folhas da soja.
●Percevejo-verde-pequeno-da-soja
Com incidência frequente em todas as áreas produtoras da soja no país, o Piezodorus guildini é uma espécie oligífaga, isto é, que se alimenta de uma variedade restrita de alimentos, podendo ser encontrada também no feijão.
Segundo estudos, o percevejo-pequeno-da-soja é uma das espécies mais prejudiciais para a lavoura, gerando danos significativos na qualidade das sementes e na retenção foliar anormal das plantas de soja.
Diferente do percevejo-marrom (Euschistus heros), o percevejo-verde-pequeno não entra em diapausa, sobrevivendo na área em plantas hospedeiras.
Na cultura da soja, pode completar até três gerações e, ao se deslocar para hospedeiras, completar ainda mais duas gerações
No Brasil, essa espécie de percevejo tornou-se mais comum a partir do ano 2000, ocorrendo desde o Rio Grande do Sul até o Piauí.
O percevejo-verde-pequeno atinge seu pico populacional mais cedo do que as demais espécies, no entanto, é apenas no final do enchimento de grãos e na maturação que tende a aumentar sua densidade populacional, causando mais danos.
A fêmea pode depositar os ovos, de cor escura, nos dois lados das folhas, nas vagens e, até mesmo, no caule e nos ramos. Os ovos são colocados em pares, somando sempre 10 ou 20 por fileira, na fase que dura entre 4 e 5 dias. O período de desenvolvimento da eclosão até a fase adulta do percevejo é de 25 dias. Na soja, a praga chega a viver até 50 dias.
O adulto é também verde, porém, tende ao amarelo e atinge apenas 10 mm, em média. O ataque é mais comum no estádio de floração da soja e, resultado da intensidade das picadas nos órgãos da planta, cresce a profundidade dos danos, além de ação deletéria através enzimas salivares liberadas, comprometendo a sanidade da planta.
Entre os impactos causados por esses percevejos na lavoura estão perdas significativas no rendimento, na qualidade e no potencial germinativo da soja. Eles também ocasionam reduções no teor de óleo, aumento na percentagem de proteínas e ácidos graxos livres nas sementes.
Além disso, podem transmitir patógenos e causar distúrbios fisiológicos, como a retenção foliar.
●Percevejo-marrom
O Euschistus heros foi uma espécie rara até os anos 1970, mas apareceu com frequência nas lavouras de soja, seu principal hospedeiro nos tempos atuais. O percevejo-marrom, que vive e se desenvolve com mais facilidade em locais quentes, como nas regiões de cultivo do MATOPIBA, tem sido considerado uma das principais e mais abundantes ameaças da soja no Brasil.
O percevejo-marrom pode chegar na lavoura no período de entressafra e sobreviver se alimentando de plantas daninhas ou até mesmo das cultivadas. Sobrevive aos períodos de baixas temperaturas realizando a retenção temporária do desenvolvimento, até que as temperaturas subam e ele encontre outra fonte de alimento para se desenvolver.
Com duração de seis dias até a eclosão, os ovos de cor amarela são colocados nas folhas e nas vagens da soja e, com o passar dos dias, a cor amarelada vai se transformando em rosa.
A fase de ninfa dura entre 15 e 20 dias e, na fase adulta, chega a 11 mm de comprimento, de coloração marrom uniforme e abdome verde. O percevejo pode viver até 300 dias, sendo que a longevidade mais comum é de 116.
O percevejo-marrom inicia a alimentação a partir do segundo ínstar, e somente após o terceiro ínstar de desenvolvimento começa a causar danos na cultura da soja, podendo completar três gerações dependendo das condições ambientais e da disponibilidade de alimento na área.
Os danos causados pelo percevejo podem se restringir aos ramos e hastes ou gerar ainda mais prejuízo, quando eles atacam as vagens em formação, o que resulta nos conhecidos e sempre temidos “grãos chochos”, ou seja, os grãos que cresceram com má formação.
A consequência do ataque é a redução da produtividade, além do aumento da umidade nos grãos, o que gera muitos problemas no período de comercialização dos produtos.
Soluções para o combate de percevejos na lavoura de soja
A tomada de decisão dos produtores de soja deve ser rápida na hora de agir contra as ameaças que cercam as lavouras, principalmente quando falamos sobre percevejos. Para isso, operadores e gestores precisam ser capazes de se comunicar em tempo real, para que ações possam ser definidas e realizadas no momento mais adequado.
A tecnologia também é uma importante aliada dos produtores nesse sentido.
Como já foi dito, com a tecnologia e os resultados alcançados a partir da realização de pesquisas atreladas à inovação, os sojicultores tem, hoje, ferramentas que os ajudam na preservação da cultura ao longo de seu desenvolvimento.
Com isso, é possível realizar o manejo adequado para manter a lavoura saudável e mais produtiva.
O monitoramento é o primeiro passo para a realização do manejo eficaz desses insetos. A partir dele, é possível identificar a ação dos percevejos desde o início da infestação e encontrar o momento propício para intervir, extraindo o melhor do produto que vai combatê-los, zelando pela sanidade da lavoura.
Entre as consequências para a falta de monitoramento, está a identificação do percevejo somente num período em que a população já está desenvolvida, afetando boa parte da lavoura. Dessa maneira, o produtor encontra ainda mais dificuldades para combater o inseto e conquistar os resultados esperados.
Como o percevejo é capaz de sobreviver na palhada da lavoura por meses sem se alimentar, armazenando os nutrientes que suga das plantas durante meses, é preciso redobrar os cuidados com a colheita, evitando, assim, que grãos fiquem no chão e possam servir de alimento para o inseto.
O manejo do sistema soja-milho, ao invés de culturas isoladas, é o mais indicado. Também é preciso eliminar plantas daninhas que possam contribuir para a sobrevivência da praga até o momento do plantio.
Visando minimizar os danos causados por percevejos que atingem as plantações de soja, a aplicação de defensivos precisa ser feita de forma adequada e no momento certo. Com o uso da tecnologia, os produtores conseguem acompanhar essas operações com mais efetividade, evitando, assim, o desperdício ou uso inadequado de produtos.
O controle a partir do uso de inseticidas é um aliado do manejo de percevejos na lavoura. E a Syngenta, ciente de seu papel no desenvolvimento de soluções para todos os momentos, conta com a ação de Engeo Pleno® S para combater os percevejos e auxiliar o sojicultor no campo, a fim de extrair sempre o máximo da lavoura.
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Com efeito residual prolongado, a aplicação de Engeo Pleno® S tem resultados superiores aos disponíveis no mercado na hora de controlar ninfas e adultos.
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É importante ressaltar que, para melhores resultados na mortalidade dos percevejos, é preciso que as aplicações sejam feitas nos momentos certos e em doses adequadas.
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