Cultivada em mais de 100 países, a cana-de-açúcar demanda uma grande e importante mão de obra no campo. Apesar de estar presente em todo o mundo, cerca de 80% da produção está concentrada em dez países, estando o Brasil em primeiro lugar, seguido da Índia.

Ocupando um considerável espaço de visibilidade na economia brasileira, a cana-de-açúcar é uma das culturas mais importantes no país. A partir dela são produzidos etanol e açúcar, além de subprodutos e resíduos que podem ser usados nas alimentações humana e animal, na fertilização de solos e na cogeração de energia.

As lavouras destinadas à produção de açúcar são as mais exigentes em relação ao clima. A planta precisa de condições térmicas e hídricas adequadas durante o período vegetativo para alcançar o desenvolvimento esperado, além de uma estação de repouso, com restrições hídricas e temperaturas baixas, para garantir o enriquecimento de sacarose.

Em outras palavras, a cana precisa encontrar condições climáticas ideais para, principalmente, acumular açúcar. Quando bem manejada, consegue manter altos níveis produtivos por diversos anos, sendo que, na média, são realizados cinco cortes por plantio.

A cana e o clima

De acordo com o último boletim da Conab, em agosto de 2021, o canavial brasileiro vem sofrendo com as intempéries do clima nos últimos anos – falta ou excesso de chuvas, geada, estiagem e temperaturas elevadas –, que afetam diretamente seu desenvolvimento e produtividade. Esses fatores têm sido preponderantes para as avaliações da safra de cana-de-açúcar nesta temporada 2021/22.

Desde o início do ciclo, observa-se níveis pluviométricos abaixo do esperado em períodos relevantes para o desenvolvimento da cultura, além de irregularidades na disposição das chuvas registradas ao longo de toda a região canavieira.

Se isso não bastasse, recentemente registrou-se ainda incidências de geadas que impactam no potencial produtivo das plantas, na qualidade e no rendimento dos açúcares recuperáveis.

Ainda de acordo com a Conab, a expectativa para a produção total 2021/22 é de declínio em relação à temporada anterior, estimada atualmente em 592.031,3 mil toneladas colhidas (redução de 9,5% em relação ao resultado obtido no ano passado).

Com esse cenário, os produtores de diversas regiões têm concentrado esforços para minimizar impactos negativos na produtividade. Diante disso, percebem que uma solução é reforçar ainda mais o manejo da cultura e estar atento aos diversos problemas que podem trazer prejuízos irreparáveis.

Cigarrinha-das-raízes: a vilã da lavoura de cana

Entre as diversas pragas que atacam a cultura, uma das que se destaca é a cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata), considerada uma das pragas mais importantes da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo e no Nordeste do Brasil.

Essa praga provoca diversos danos, tanto na fase de ninfa quanto na fase adulta. Por esse motivo, deve-se agir rapidamente para o controle eficiente da cigarrinha, caso contrário, o produtor terá enormes prejuízos no canavial.

A cigarrinha-das-raízes tornou-se uma praga ainda mais presente com o aumento das áreas de colheita de cana crua. Com a proibição e restrição da queima e a mudança do sistema de colheita manual para colheita mecanizada de cana crua, mantém-se no solo uma densa camada de palhada.

Esse acúmulo contribui para manter a umidade do solo, o que favorece o aumento da população desse inseto, além de servir como abrigo e proteção para pragas, o que dificulta o controle.

Anteriormente, a queima que era realizada após a colheita manual contribuía com a destruição  dos ovos depositados no solo e na palhada, de maneira que a mudança no processo de produção acabou favorecendo a proliferação da praga.

Como dito anteriormente, a umidade no solo favorece o desenvolvimento da praga e assim, no início das chuvas, a cigarrinha-das-raízes passa a ser uma grande preocupação. Após 20 dias, aproximadamente, de encerrada a seca habitual do inverno, ocorre a eclosão, quando as ninfas começam a se alimentar das raízes da cana, prejudicando o desenvolvimento das plantas.

Cigarrinha-das-raízes

Cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata) na folha da cana-de-açúcar

Ciclo: a fêmea da cigarrinha-das-raízes põe, em média, 340 ovos nas bainhas secas ou sobre o solo próximo ao colmo da planta (98% dos ovos na linha). O ciclo evolutivo dura de 60 a 80 dias, quando os insetos passam por quatro mudas.

Quando alcançam a fase adulta, vivem na parte aérea da planta, sugando a seiva de folhas e colmos, onde injetam toxinas que ocasionam o aparecimento de pequenas manchas amarelas nas folhas que futuramente irão se tornar avermelhadas e, ainda depois, opacas, reduzindo sensivelmente a capacidade da planta em realizar fotossíntese.

A infestação é identificada pelo aparecimento de uma espuma esbranquiçada, parecida com a espuma de sabão, na base da touceira. Por isso, essa espécie de cigarrinha ocorre principalmente em período úmido, pois a falta de umidade prejudica a formação da espuma, o que leva à morte das ninfas.

Com o início do período chuvoso começa o ciclo da praga. Graças à diapausa dos ovos, a primeira geração de ninfas é pequena, porém, com a alta capacidade de causar danos e se desenvolver até a fase adulta, inicia-se a postura da segunda geração do inseto, quando a umidade e o fotoperíodo são maiores. As gerações seguintes são responsáveis pela maioria dos danos.

Efeitos causados pela Cigarrinha-das-raízes na cana

Ao sugar a seiva, o inseto dificulta a absorção de água e nutrientes pelas raízes, podendo até ocasionar a morte da planta, caso não sejam tomadas medidas de controle. A cigarrinha-das-raízes também age da mesma forma em outras gramíneas.

Prejuízos no canavial

Entre os diversos prejuízos causados pela cigarrinha-das-raízes, estão:

  • extração de uma enorme quantidade de água e nutrientes das raízes pelas ninfas;

  • aumento do teor de fibras;

  • perda do teor de açúcar nos colmos;

  • redução da capacidade de moagem pelo aumento dos colmos mortos;

  • dificuldade na recuperação do açúcar e inibição da fermentação devido ao aumento no teor de contaminantes.

Prejuízos causados pela Cigarrinha-das-raízes

Por isso, após o período das chuvas, é necessário que o produtor faça o monitoramento da lavoura. Esse processo pode ser realizado através de análise visual, observando-se a presença de espumas do inseto sob a palhada e na base das touceiras, ou através da utilização de armadilhas luminosas.

Estar atento ao início das chuvas é fundamental para agir de maneira rápida, a fim de quebrar o ciclo da praga e evitar um grande aumento populacional do inseto.

Controle no timing correto é sinônimo de sucesso

O monitoramento é extremamente importante para decidir a melhor estratégia de controle da cigarrinha-das-raízes, sendo que a detecção da primeira geração permite um controle mais eficiente. É essencial agir logo após o início das chuvas, controlando a primeira geração da praga e impedindo um aumento populacional nas gerações seguintes do inseto.

O manejo das pragas pode ser feito através de controle biológico, cultural e químico. O mais eficiente, no caso da cigarrinha-das-raízes, é o controle químico, ideal a ser implementado logo após o início do período chuvoso, de maneira a ser possível quebrar o ciclo da praga, impedindo que as ninfas se desenvolvam e ovipositem novamente, preservando o crescimento e o equilíbrio da planta.

É essencial escolher as melhores ferramentas, principalmente para uso nas primeiras aplicações, momento crucial para definir o sucesso no manejo da praga, protegendo a cultura da cana-de-açúcar.

Agir no momento certo contra a cigarrinha-das-raízes é fundamental para o melhor desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar, pois os danos causados pelas ninfas são irreversíveis.

Além disso, perder o momento de aplicação pode contribuir com o desenvolvimento de insetos adultos que, além de causarem danos adicionais às plantas, vão contribuir para o aumento populacional da praga nas próximas gerações. Com uma população de ninfas ainda maior, o controle fica mais difícil, aumentando a proporção dos danos.

Vale também lembrar que medidas como melhoramento genético, técnicas de plantio, tratos culturais e a colheita, atuando em conjunto, geram resultados positivos sobre o desenvolvimento e no que tange à produtividade e rentabilidade do produtor de cana-de-açúcar.

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Redação Mais Agro