Para o primeiro episódio da terceira temporada do programa De Produtor para Produtor, tivemos quatro especialistas que abordaram temas relacionados aos transtornos climáticos e seus efeitos na produção de soja, e também à insegurança nos preços pela dependência do mercado externo.
Pedro Altomar, nosso gerente de Marketing Soja e Milho para o Cerrado, conduziu a conversa que contou com a participação de Marco Parzianello II, agricultor, formado em Economia Agrícola, diretor administrativo e financeiro do Grupo Marco Parzianello – GMP Agro, com áreas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará.
Convidamos também duas grandes referências na área: Marco Antônio dos Santos, agrometereologista e proprietário da Rural Clima, e Marcos Fava Neves, professor na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP) e na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP/FGV), comentarista de agronegócio na CNN.
A influência da geopolítica na produção de soja brasileira. “Sou formado há 31 anos, trabalho nessa área de estratégia e nunca vi um ambiente tão complexo como esse.” (Marcos Fava Neves)
Na conversa, Parzianello II e Fava Neves levantaram pontos importantes sobre conflitos internacionais, como os que ocorrem entre Ucrânia e Rússia, que afetam a dinâmica do setor. Outra preocupação geopolítica é sobre a entrada da China, grande compradora brasileira, também em um conflito.
Quanto a essa questão, Fava Neves indica que os produtores rurais são heróis, pois estão tomando decisões num ambiente com muitas variáveis. Sua pontuação segue indicando que estamos em uma situação de câmbio que sofre variação imensa em questão de meses.
Toda essa esfera complexa internacional levou à explosão do custo de produção, especialmente quanto a fertilizantes, produtos químicos e ao alto preço das commodities. Contudo, o especialista sinaliza também que, mesmo que tenhamos de ficar atentos à situação política internacional e ao ambiente complicado, a situação está melhorando.
Transtornos climáticos e seus efeitos na produção de soja
Ainda sobre as situações que trazem variáveis para as safras, os levantamentos seguiram abordando a climática internacional e nacional.
Marco Antônio trouxe um panorama que assinala como a safra americana, impactada pela situação climática, pode influenciar a agricultura brasileira, e também mostra que os EUA não estão em situação de seca severa.
Segundo seus apontamentos, não houve chuvas frequentes em solo americano e as temperaturas estão altas, porém há chuvas – fato que mantém uma condição relativamente favorável para a safra. Assim, os EUA podem não colher uma supersafra, como o mercado gostaria que fosse, mas está longe de ser uma queda que prejudique os preços.
Quando se trata da situação climática no Brasil, os especialistas concordam que estamos indo para um terceiro fenômeno La Niña. Marco Antônio explica: o fato de as águas do Oceano Pacífico estarem mais frias faz com que as chuvas não cheguem tão cedo, como foi em 2021. Contudo, não serão tardias como em 2020, cumprindo sua normalidade.
“Esse ano é de muita cautela nesse início de plantio.” – Marco Antônio
O especialista em clima traz outra preocupação: o plantio antecipado. Para ele, chuvas que caem mais cedo e acabam incentivando alguns agricultores a se adiantarem não são sinônimos de regularização. É “aí que está o perigo!”.
Fava Neves também aponta que o clima é uma grande variável em nosso País, chegando a interferir nos preços. Segundo expectativas, a ideia é que o Brasil aumente quase 1 milhão de hectares em comparação à safra anterior. Assim, a nossa produtividade fica acima da a americana, sendo uma produção 18% maior.
Ele nos lembra também que nos últimos três anos aumentamos 6 milhões de hectares. Outro fator de grande influência no setor, apontado pelo especialista em mercado, é que os EUA, o Brasil e a Argentina são responsáveis por 90% das exportações de soja no mundo. Esse fato direciona um olhar mais apurado para os três países, fator que influência de forma ainda mais sensível os preços.
Para Marco Antônio, o clima não está sendo favorável como em algumas décadas. Hoje, se o agricultor não construir um perfil de ambiente favorável ao clima, estará fora do mercado.
O agricultor é pioneiro!
Os especialistas concordam que, nos últimos 5 a 7 anos, a evolução do produtor foi incrível. A nova geração vem com o olhar mais amplo, observando meio ambiente e solo, e tendo longevidade nos negócios.
Quando perguntado como o agricultor se planeja para ter segurança, Marco Parzianello II refletiu que hoje o mundo tem muita volatilidade: qualquer problema gera sensibilidade no mercado e existe forte pressão para que tudo corra bem. Contudo, ele identifica muita oportunidade de fazer negócio.
Assista e ouça na íntegra!
Além desses assuntos, o De Produtor para Produtor abordou também as expectativas climáticas regionais, trouxe mais informações sobre o La Niña, comentou os cuidados com a safrinha e como fatores – o câmbio, por exemplo – impactam os valores das comodities.
Não perca a nossa conversa completa:
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