Os nematoides são vermes conhecidos como o inimigo oculto da lavoura e, por serem microscópicos, não são visíveis a olho nu. Nesse caso, o produtor só se dá conta dos danos causados por essas pragas a partir do desenvolvimento das plantas – que fica abaixo do esperado – ou por meio de reboleiras (local em que as plantas também apresentam menor desenvolvimento, além do amarelecimento de suas folhas).
Há diferentes espécies de nematoides em solos agrícolas, e uma parcela substancial desses vermes alimenta-se diretamente do material intracelular das raízes das plantas. Eles podem ser: endoparasitas, que invadem os tecidos radiculares e permanecem grande parte do seu ciclo de vida dentro das raízes das plantas; ou ectoparasitas, que podem ficar com parte do corpo fora da raiz. No entanto, seu estilete bucal permanece na parte interna das raízes.
Além disso, há problemas com o estabelecimento do estande e com a incidência de plantas com menor crescimento que outras. Não é possível erradicá-los, mas o controle populacional do verme é essencial para que os danos não impactem a rentabilidade da safra.
Somente na soja – cultura de maior importância para o agronegócio nacional –, cerca de 100 espécies de nematoides podem incidir na área produtiva e, mesmo que os sintomas não apareçam em reboleiras de início, vale ressaltar que os ataques causam grandes prejuízos.
Quanto os prejuízos causados por nematoides pesam no bolso do produtor?
Além dos desafios enfrentados pelos produtores, o manejo de nematoides não deve ser ignorado, devido ao grande impacto econômico que os danos causados por esses vermes podem proporcionar à produtividade.
Uma pesquisa inédita realizada pela Syngenta, em parceria com a consultoria Agroconsult e a SBN (Sociedade Brasileira de Nematologia), apontou números preocupantes sobre prejuízos e perdas decorrentes da ação de nematoides e doenças iniciais em lavouras brasileiras.
Neste levantamento, realizado em 2021, os números apontam para prejuízos de R$ 65 bilhões, sendo R$ 27,7 bilhões somente na cultura da soja, com perspectivas de atingir R$ 870 bilhões em 10 anos considerando inúmeras culturas, ou seja, a cada 10 safras, uma inteira é perdida para os nematoides, conforme mostra o infográfico a seguir:
Fonte: Syngenta, Agroconsult e Sociedade Brasileira de Nematologia
Vale ressaltar que os problemas advindos dos nematoides não são específicos de uma determinada área produtiva, mas sim pertencentes a todas as regiões de produção agrícola do país, com aumento de frequência de algumas espécies nos últimos anos, o que as torna potenciais ameaças a culturas de interesse econômico, como a soja.
Nematoides sempre foram danosos às lavouras?
Se os nematoides são vermes que sempre existiram na natureza, desde quando eles começaram a prejudicar a agricultura?
Para proporcionar o máximo potencial produtivo às lavouras, a agricultura brasileira evoluiu muito nos cuidados com o campo, adotando boas práticas agrícolas e novos sistemas de plantio e estes, no entanto, podem favorecer o aumento populacional de nematoides, acometendo diversas culturas.
De modo geral, esses vermes acabaram sendo introduzidos em áreas produtivas por meio de maquinários agrícolas contaminados, mudas desenvolvidas em substratos infectados, águas usadas para irrigação e ventos fortes.
Com o último levantamento, é possível verificar a evolução dos nematoides, bem como a agressividade com que este inimigo oculto avançou em praticamente todas as regiões produtivas do Brasil:
Principais espécies de nematoides
Os nematoides não são visíveis a olho nu e também não podem ser erradicados, ou seja, os sintomas, quando aparecem, geralmente com a formação de reboleiras, significam que os danos atingiram níveis altíssimos, prejudicando o teto produtivo da cultura.
Além disso, com a evolução da agricultura brasileira, a adoção de novos sistemas de plantio favoreceu o aumento populacional de nematoides na lavoura.
Confira abaixo as principais espécies encontradas nas regiões produtoras do Brasil:
Nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.)
Os danos causados por nematoides do gênero Meloidogyne estão relacionados com o crescimento atípico das células vegetais, o que provoca hiperplasia tecidual ou hipertrofia celular; assim, há a formação de galhas de variados tamanhos, comprometendo o desenvolvimento das plantas.
Nematoide-das-lesões (Pratylenchus brachyurus)
As fêmeas depositam os ovos no solo e iniciam o parasitismo nas plantas. Quando se alimentam, causam lesões radiculares por meio da liberação de toxinas no córtex radicular. Seus danos às raízes também servem de porta de entrada para fungos e bactérias.
Nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis)
É uma espécie que está em constante crescimento no Brasil e vem aumentando sua gravidade para a cultura da soja nos últimos anos. O sintoma típico do ataque desse nematoide é a chamada folha carijó, ou seja, uma espécie de necrose entre as nervuras das folhas, que pode levar a erros de diagnose no campo associados à fitotoxicidade, além disso, expressa a desuniformidade das plantas. Assim, o maior indício desse verme é a redução das radicelas em função do parasitismo estabelecido.
Nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines)
É um nematoide que reduz as raízes e a nodulação das plantas de soja, sendo possível observar as fêmeas (cistos) com coloração branca/amarelada nas raízes. Seu principal dano é o baixo crescimento das plantas, ocasionando clorose, nanismo e amarelecimento.
Nematoide espiralado (Helicotylenchus dihystera)
É considerado um nematoide ectoparasita e endoparasita migratório, o que significa que tem capacidade de penetrar nas raízes. Além disso, é um verme polífago (pois se alimenta de diversas culturas), que tem apresentado grande crescimento nas lavouras nos últimos anos.
Nematoide da haste verde (Aphelenchoides besseyi)
A frequência dessa espécie vem crescendo nas lavouras de soja, causando perdas de até 100% do rendimento da cultura nas áreas mais atacadas. É responsável pela doença que causa haste verde e retenção foliar na soja. Tem rápida multiplicação e pode se desenvolver no solo, sem a necessidade de plantas hospedeiras.
A importância do manejo de nematoides
Como os nematoides são microrganismos impossíveis de serem erradicados, é essencial que o produtor realize o manejo adequado para controlar o seu aumento populacional, a fim de evitar que a grande pressão desses vermes prejudique a sanidade da lavoura.
Entre as boas práticas agrícolas necessárias para controlar o problema com nematoides no campo, destacam-se:
- tratamento de sementes com produtos químicos e biológicos;
- monitoramento das áreas por meio de ferramentas digitais;
- uso de sementes resistentes e sadias;
- rotação de culturas com espécies não hospedeiras;
- limpeza dos maquinários, pois esse é um importante vetor de disseminação dos nematoides.
Além disso, o tratamento de sementes com ativos biológicos e químicos de ação nematicida é uma excelente ferramenta para o manejo, pois atua protegendo o sistema radicular das plantas na fase inicial de desenvolvimento da cultura, o que reduz a penetração do nematoide e contribui para o melhor desenvolvimento das plantas. Uma planta com sistema radicular mais vigoroso resiste melhor ao ataque dos nematoides.
Assim, percebemos que o problema com nematoides existe e está em constante crescimento, mas é importante ressaltar que é possível adotar práticas que reduzam a população ou que permitam a convivência com esse inimigo oculto. No entanto, o grande desafio é conscientizar o produtor sobre a existência dos problemas com nematoides, para que a produtividade não seja comprometida.
Para a proteção das suas plantas contra os nematoides, conte com o portfólio de produtos da Syngenta e veja como as tecnologias podem contribuir para o máximo potencial produtivo da sua lavoura, desde o início do ciclo da cultura.
A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, com o objetivo de impulsionar o agronegócio brasileiro com qualidade e inovações tecnológicas.
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