As pragas podem provocar, em média, perdas de 50% na produtividade. Os prejuízos variam de acordo com cada cultura e safra, mas podem ser ainda maiores se o agricultor não fizer nenhum tipo de controle.
As condições climáticas desempenham importante papel na incidência de pragas. Fatores como radiação, temperatura, umidade, luz e vento influenciam o desenvolvimento, distribuição e abundância dos insetos. Conhecer essa relação é fundamental para a tomada de decisões e eficiência no controle de pragas.
Temperatura e incidência de pragas
Altas temperaturas aumentam a taxa metabólica dos insetos, que irão se alimentar mais e, consequentemente, se multiplicar ao longo do ciclo da cultura. Isso tem reflexo no manejo e no número de aplicações necessárias para um bom controle.
Também é de se esperar que o clima seco dificulte o controle químico das pragas. “Podemos citar o caso de percevejos em soja. Sabemos que o controle mais importante é o de contaminação tarsal, no caminhamento dos insetos, através dos espiráculos ou do efeito de contato, se uma gota cair em cima dos percevejos. Se o percevejo estiver na parte superior das plantas, irá receber uma quantidade maior de choque. Em épocas de altas temperaturas e baixa umidade a praga tende a ficar menos exposta, inclusive nos horários em que deveriam “subir” no terço superior da planta”, explica Giorla Moraes, Gerente de Desenvolvimento de Inseticidas da Syngenta.
Além disso, as aplicações de defensivos nestas condições climáticas, tendem a não alcançar com qualidade o “terço médio” e o “baixeiro” das plantas, local onde estas pragas ficam escondidas. “Essa situação gera a desconfiança de que os produtos não estão funcionando quando, na verdade, é o comportamento do inseto, influenciado pelo clima, que impede sua contaminação”, esclarece a especialista.
Chuvas e desenvolvimento de pragas
As explosões populacionais da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) dependem basicamente da disponibilidade de alimento e de fatores climáticos, particularmente do regime de chuvas (quantidade e distribuição).
“No caso de ocorreram chuvas leves seguidas de períodos quentes e secos, a praga encontra as condições ideais para sua rápida multiplicação. Mas, se as chuvas forem mais intensas e frequentes, muitas lagartas jovens são controladas naturalmente, pela ação direta da chuva ou pela maior ocorrência de doenças e inimigos naturais, limitando as populações”, explica Giorla.
As chuvas também podem dificultar a entrada das máquinas na área, gerando inúmeros problemas ao agricultor. Dependendo do volume pluviométrico, as pragas continuam se alimentando, se proliferando e causando danos à lavoura.
“O produtor deve trabalhar muito em conjunto com as previsões climáticas e entrar assim que possível na área evitando ao máximo as perdas na lavoura. Também deve ficar atento e não aplicar os produtos se a previsão de chuvas é imediata”, alerta.
Como evitar surtos de pragas nas lavouras?
A melhor estratégia para o produtor não sofrer com surtos de pragas é realizar corretamente o monitoramento na lavoura. A visita do agrônomo ou dos inspetores de praga é fundamental na tomada de decisão e sucesso do controle, além da garantia de alta produtividade.
“A realização do monitoramento determina a situação das pragas na cultura, avalia os danos e prejuízos e define o momento correto da aplicação de inseticida. Além disso, a escolha de qual inseticida utilizar é também de muita importância”, orienta Giorla. Inseticidas que possuem bom residual e uma boa ação contra a lavagem pela chuva podem ajudar neste tipo de situação em que a entrada do trator para pulverização é dificultada.
“Aplicações preventivas devem ser tomadas com cautela, pois vão contra os princípios do Manejo Integrado de Pragas (MIP). O correto é aplicar sempre após a realização do monitoramento e aplicar no início das infestações”, conclui.
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