O Brasil é o terceiro maior produtor de algodão e, em 2024, passou a liderar as exportações globais da fibra. Além de atender ao mercado têxtil, as lavouras de algodão também desempenham um papel importante na produção de farelo, para ração animal, e óleo, utilizado na fabricação de biocombustíveis e na alimentação; além de ser usado na confecção de tapetes e papel-moeda, contribuindo para a geração de empregos.
À medida que a safra 2023/24 de algodão se aproxima do fim, o Brasil reafirma sua posição de destaque no cenário global. Contudo, para garantir a continuidade desse sucesso, é necessário conhecer os resultados alcançados, os desafios enfrentados e o comportamento do mercado.
Compreender esses aspectos é fundamental para planejar a próxima safra, permitindo que os produtores tomem as melhores decisões e se adaptem às condições futuras, garantindo a sustentabilidade e a competitividade do algodão brasileiro no cenário internacional.
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Área plantada, produção e produtividade do algodão
De acordo com a Conab, nesta safra, o Brasil já colheu 87,6% de sua produção, em comparação aos 87,2% registrados no mesmo período do ano anterior. Alguns Estados já concluíram a colheita, enquanto outros estão próximos de finalizá-la, como, por exemplo, Mato Grosso do Sul que já finalizou a colheita e Mato Grosso, que já colheu 87,5% da área. Piauí e Bahia estão entre os mais atrasados, com 84% e 84,9% das áreas colhidas, respectivamente.
Segundo a Abrapa, a safra de algodão deve alcançar um novo recorde, com uma produção estimada de 3,66 milhões de toneladas de pluma, representando um aumento de 14,8% em relação à safra anterior.
Nesta safra, o país alcançou o maior índice de produtividade do mundo, com uma média de 1.841 kg de pluma por hectare; além disso, houve expansão de 19,5% da área plantada, atingindo 1,94 milhão de hectares. As melhores práticas agrícolas, o uso de alta tecnologia e a expansão da área contribuem para o aumento da produção e da exportação de algodão, consolidando o Brasil como o maior exportador do mundo.
Incidência de pragas e doenças na safra 2023/24
Segundo o levantamento da Fundação Mato Grosso, a safra 2023/2024 de algodão em Mato Grosso enfrentou a maior média de incidência do bicudo-do-algodoeiro dos últimos 12 anos. A falha na eliminação de plantas de algodão voluntárias durante a safra de soja resultou em uma ponte verde que serviu de abrigo para essa praga.
Além do bicudo, a lagarta Spodoptera frugiperda e a mosca-branca (Bemisia tabaci), também foram importantes. O aumento da incidência dessas pragas é um fator que deve ser levado em consideração no planejamento da próxima safra de algodão.
Em relação às doenças, houve um aumento na incidência de ramulária e mancha-alvo devido ao aumento de temperatura que favoreceu o desenvolvimento dos fungos causadores dessas doenças. A ramulária, considerada a principal doença do algodão no país, pode reduzir a produtividade em até 35%, causando desfolha nas plantas e diminuindo sua capacidade fotossintética, podendo comprometer também a qualidade das fibras.
Panorama do mercado de algodão
Devido à alta qualidade e competitividade, o algodão brasileiro é amplamente aceito no mercado mundial. Na safra 2023/24 as exportações devem chegar a 2,7 milhões de toneladas. A China é o principal comprador, responsável por cerca de 40% dos embarques.
Além de alcançar a posição de maior exportador mundial de algodão, o Brasil passou a negociar com o Egito, o que deve fortalecer ainda mais as exportações de pluma. O Egito já se tornou o nono maior destino das exportações brasileiras. Embora o volume exportado ainda seja modesto, totalizando 17,9 mil toneladas, esse país representa um mercado estratégico. A Abrapa estima que, com o interesse dos egípcios pelo algodão brasileiro, a demanda deve dobrar no ciclo 2024/25, mantendo o Brasil na liderança das exportações.
O Levantamento do USDA projeta que em 2024/25 o Brasil deve exportar 2,722 milhões de toneladas de algodão, enquanto os Estados Unidos exportariam 2,613 milhões de toneladas no mesmo período.
O ritmo de comercialização antecipada e de venda de insumos para o algodão está dentro da média histórica. Atualmente, 70% da safra que está sendo colhida já foi comercializada e cerca de 35% da próxima safra já foi vendida, com as aquisições de insumos em andamento. O período de maior aceleração nas vendas geralmente ocorre entre novembro e janeiro, quando começam as previsões de colheita da soja.
No que tange ao consumo interno da pluma, a expectativa é que as indústrias brasileiras sejam responsáveis pelo consumo de 695 mil toneladas. A Conab relata que o consumo interno é prejudicado pela concorrência de produtos importados e altas taxas de juros.
Apesar do excelente desempenho nas exportações, a safra recorde, combinada com um consumo interno baixo e com crescimento limitado, deve resultar em um aumento de 5,46% nos estoques finais, atingindo 2,32 milhões de toneladas.
O país produz cinco vezes mais do que consome, por isso o excedente é exportado, em grande parte para a Ásia. Em entrevista a Abrapa na mídia, Fernando Pimentel, presidente da Abit, destaca a necessidade de aumentar a demanda interna por algodão, conectando a indústria ao consumidor e promovendo responsabilidade social e ambiental. Ele também ressalta os desafios enfrentados, como a concorrência com países asiáticos e a preferência crescente por fibras sintéticas, enfatizando a importância de uma cadeia produtiva integrada, do campo ao varejo.
O algodão poderá repetir o aumento de área de cultivo na próxima safra?
O aumento da área de cultivo de algodão na próxima safra dependerá das condições de mercado. Em entrevista ao AgFeed, Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa, comentou que se os preços subirem para cerca de 80 cents, é provável que a área plantada aumente. No entanto, o mercado não está tão favorável e se os preços caírem abaixo de 70 cents, o risco financeiro torna-se maior, resultando na manutenção da área cultivada.
Outro fator que pode influenciar na área de cultivo do algodão é o mercado das outras culturas. No Brasil, o algodão, em grande parte, é cultivado como segunda safra, após a soja, e sua área plantada geralmente depende do interesse relativo em outras culturas, como o milho.
A recente recuperação nos preços do milho pode torná-lo uma opção mais atraente para os produtores, porém grandes produtores de algodão também cultivam soja e, se os preços da commodity se mantiverem baixos, isso pode levar a um maior investimento em algodão.
À medida que o Brasil consolida sua posição de destaque na produção e na exportação de algodão, é fundamental que o setor continue a evoluir. A combinação do uso de tecnologias avançadas e o acompanhamento das tendências de mercado coloca o país em uma posição favorável para enfrentar os desafios que surgirem. Ao apostar na inovação, o Brasil manterá sua relevância global e um futuro sustentável para a cotonicultura.
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