Apesar de todos os prognósticos econômicos positivos, a cultura da cana-de-açúcar é atacada por inúmeros insetos-praga, entre os quais se destaca a broca da cana (Diatraea saccharalis).

Os prejuízos diretos ocasionados por essa praga à parte agrícola se traduzem em perda de produtividade, quebra de colmos, enraizamento aéreo e brotação lateral. Trata-se, portanto, de uma espécie extremamente nociva e capaz de dizimar canaviais inteiros caso as devidas medidas de controle não sejam tomadas.

A grande área de ocupação da cultura pelo território nacional, o aumento significativo de áreas fertirrigadas e o plantio de variedades mais produtivas, porém com maior suscetibilidade, contribuem para a evolução da broca da cana. Além disso, os fatores abióticos – como temperatura, fotoperíodo e, principalmente, umidade – também exercem forte influência na dinâmica populacional dessa praga.

Acrescidos ao complexo broca-podridão – formado juntamente aos fungos causadores da podridão-vermelha (Colletotrichum falcatum e Fusarium moniliforme) –, todos esses aspectos afetam a qualidade da matéria-prima destinada à indústria, prejudicando sobremaneira a produção de açúcar e etanol.

Atualmente, o Índice de Intensidade de Infestação Final nível brasileiro alcança 5 a 7%, em média. Estima-se que, para cada 1% do I.I.I. Final, os prejuízos atinjam 1,14% na produtividade (TCH), 0,42% em açúcar e 0,25% em etanol. Dependendo da produtividade e do ATR da cana, esses valores podem ser traduzidos entre R$ 95 e R$ 115 por hectare em perdas.

Broca da cana: como combater a inimiga dos canaviais

O monitoramento da broca da cana, via armadilha, vem se popularizando e está auxiliando muitos produtores na tomada de decisão para um combate eficiente. Porém, é importante respeitar os aspectos técnicos de uso e o conhecimento do comportamento da praga para não correr o risco de descrédito dessa metodologia.

Hoje, o manejo químico aliado ao controle biológico por meio do parasitoide Cotesia flavipes tem-se mostrado uma estratégia muito importante no manejo sustentável da broca. Ainda assim, a seleção do inseticida para o manejo desta praga deve considerar algumas características a fim de garantir o sucesso do controle.

Uma delas é a escolha de uma solução que controle todos os estádios larvais da Diatraea e que impeça imediatamente a penetração da broca no colmo. Outro aspecto de extrema importância é que o inseticida possua longo período residual, diminuindo a necessidade de levantamentos e aplicações frequentes para o controle da broca da cana.

O inseticida Ampligo, da Syngenta, além de ter associação de grupos químicos que conferem efeito de choque e longo residual, dispõe de dois modos de ação proporcionando alta performance de controle e flexibilidade de uso, de acordo com as diferentes situações de pressão da praga e desenvolvimento do canavial. Fora isso, apresenta alta seletividade aos inimigos naturais da praga.

Tudo isso possibilita a adequação do custo de produção, bem como reduz o risco de desenvolvimento da resistência da praga aos inseticidas.

Texto: José Carlos Rufato, engenheiro agrônomo