Durante todo o ciclo de desenvolvimento, o milho está exposto a diversos fatores abióticos e bióticos que podem causar estresse e redução da produtividade. Quando esses fatores ocorrem nos estádios iniciais da cultura, podem ser ainda mais danosos.

A disponibilidade hídrica do solo, a irradiação solar, a temperatura e a umidade relativa do ar são os fatores abióticos que mais causam desordens no desenvolvimento da planta e acarretam maiores perdas de produtividade. 

Dos fatores bióticos, as pragas do milho – impulsionadas pelas condições tropicais do nosso país e pelo sistema de sucessão de cultivos de culturas hospedeiras – podem acarretar até 100% de perdas na produção caso o ataque ocorra logo nos estádios iniciais de cultivo.

Com isso em vista, a capacidade da planta responder fisiologicamente aos desafios impostos pela ocorrência de estresses no ambiente de cultivo durante a fase inicial de desenvolvimento é o diferencial para conseguir expressar todo seu potencial produtivo.

Dificuldades no estabelecimento da cultura do milho: estresses abióticos e pragas

A fase de estabelecimento de um cultivo é um dos períodos mais críticos do desenvolvimento, pois é nela que se define o potencial produtivo, e interferências causadas por estresses nessa fase podem comprometer irreversivelmente os resultados de produção, a depender da severidade, da duração, do número de exposições ao estresse e do genótipo cultivado.

Além disso, no dia a dia das lavouras, as plantas estão expostas a uma combinação de fatores estressantes. Um exemplo disso é a baixa disponibilidade de água no solo – responsável pelas maiores perdas de produtividade – e está geralmente associada a elevada temperatura do ar, alta irradiação e baixa umidade, fatores que aumentam a evapotranspiração, tornando o estresse ainda mais intenso e severo.

Na cultura do milho, os cultivos de verão e safrinha apresentam desafios distintos. Na primeira safra, as altas temperaturas do ar somadas à alta irradiação são os principais fatores de estresse, resultando em atraso no estabelecimento da cultura e desuniformidade do estande. Nessa época, a disponibilidade de água geralmente é alta, ocorrendo uma boa distribuição pluviométrica, no entanto, em algumas ocasiões, também pode ocorrer estresse hídrico. 

No milho safrinha, por sua vez, as baixas temperaturas e umidade do ar, além de baixos níveis de irradiação, são fatores que prejudicam a emergência e afetam o desenvolvimento da cultura. Ademais, o impacto do estresse hídrico é maior, uma vez que o plantio acontece na época de fim das chuvas. Assim, acertar a janela de plantio ideal é de extrema importância, principalmente para que as plantas consigam se estabelecer o mais depressa possível e aproveitar o final do período chuvoso.

Além de todas as dificuldades causadas pelo clima, as plantas de milho ainda precisam estar preparadas para lidar com o ataque de diversas pragas que estão presentes nas lavouras brasileiras.

Pragas iniciais na cultura do milho

Quando se fala em pragas do milho, logo vêm à mente as temidas lagartas. Não que elas não devessem ser motivo de preocupação ‒ certamente são ―, no entanto, outros insetos também podem causar perdas muito significativas de produtividade, como as cigarrinhas e os percevejos, que têm se tornado grandes desafios aos produtores.

Esses insetos sugadores danificam as plantas recém-emergidas, que são muito sensíveis aos danos e podem não resistir aos ataques, acarretando falhas na lavoura, limitando o número de plantas por hectare e, consequentemente, a produtividade.

Dentre as pragas iniciais que vêm causando preocupação nas últimas safras, a cigarrinha-do-milho, o percevejo-barriga-verde e a cigarrinha-das-pastagens ocupam posições de destaque, atacando desde as plantas recém-emergidas até por volta do estádio V5.

Cigarrinha-do-milho

A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) vem crescendo em importância safra após safra, se alastrando pelas regiões produtoras do país e causando sérios prejuízos.

Apresenta ciclo de cerca de 45 dias, que pode ser reduzido quase pela metade sob condições de temperatura de 26 °C a 32 °C. Aloja-se preferencialmente no cartucho do milho e deposita mais de 600 ovos dentro do tecido da nervura central das folhas durante seu ciclo de vida. Dessa maneira, pode haver várias gerações de cigarrinhas durante o desenvolvimento do milho, permitindo a migração para lavouras mais novas, uma vez que é comum a ocorrência de lavouras de milho com diferentes idades.

Além disso, o sistema de cultivo do milho no Brasil em duas safras possibilita a formação de ponte verde da cultura, permitindo que o ciclo de vida da cigarrinha se complete, aumentando sua população. Ademais, na ausência do milho, a cigarrinha é capaz de migrar longas distâncias para sobreviver, e também pode utilizar uma estratégia de dormência denominada diapausa, em restos culturais de milho e em tigueras. Por isso, a quebra do ciclo biológico da praga é fundamental.

Não bastasse sua alta capacidade de proliferação, os danos causados pela cigarrinha-do-milho geram ainda mais preocupação. Além do dano direto causado pela sucção de seiva, a cigarrinha preocupa pelo fato de ser vetor das doenças sistêmicas conhecidas por enfezamento vermelho e enfezamento pálido, além de transmitir o vírus do raiado fino.

Dependendo das condições ambientais, da época da infecção e da suscetibilidade da cultivar, as perdas em decorrência dos enfezamentos podem chegar a 100%. A infecção causa entupimento dos vasos onde ocorre a translocação de nutrientes, deixando as plantas subdesenvolvidas, com entrenós curtos, malformação de espigas e enfraquecimento dos colmos.

Plantas de milho com crescimento reduzido e entrenós curtos, sintomas de enfezamento, doença transmitida pela cigarrinha-do-milho
Plantas de milho com crescimento reduzido e entrenós curtos, sintomas de enfezamento, doença transmitida pela cigarrinha-do-milho.

Os prejuízos provocados por essas doenças são mais acentuados quando a infecção ocorre em plantas nos estádios iniciais de desenvolvimento e em plantios de verão tardios.

Percevejo-barriga-verde

O percevejo-barriga-verde (Dichelops spp.) é outra praga que tem causado preocupação nos produtores devido ao alto potencial de prejuízos. Alguns fatores, como o sistema soja-milho, a adoção de plantio direto e o advento das tecnologias Bt, contribuíram para o aumento da pressão desses insetos.

O ataque por esses percevejos pode ocorrer até nos estádios reprodutivos do milho, no entanto, é durante a fase inicial que provoca as maiores perdas na produtividade. A praga insere seu estilete na base do colmo, onde atinge as folhas internas do milho e realiza a sucção da seiva. Por meio dessa ação, inocula enzimas que causam danos ao tecido, provocando deformações nas folhas, que podem ficar perfuradas, murchas e retorcidas, prejudicando a fotossíntese. Também pode haver retardo no desenvolvimento da planta, formação de perfilhos improdutivos e sintomas de coração morto.

Trata-se de uma praga cujo manejo apresenta alguns desafios, visto que, quando os sintomas aparecem, os danos já ocorreram e são irreversíveis. Além disso, um único percevejo pode afetar até seis plantas próximas.

Cigarrinha-das-pastagens

A espécie de cigarrinha-das-pastagens, Deois flavopicta, é uma praga conhecida por causar grandes danos às pastagens, principalmente de braquiária. No entanto, ela pode causar prejuízos também na cultura do milho.

A praga provoca danos nas plantas por sugá-las e injetar uma toxina que impede a circulação da seiva. Plantas recém-emergidas são extremamente sensíveis, sendo que uma infestação de três a quatro cigarrinhas por planta é suficiente para ocasionar sua morte em cerca de quatro dias.

Condições ótimas de temperatura e umidade, somadas ao aumento de pastagens de braquiária nas proximidades das lavouras de milho, favorecem a proliferação do inseto, que pode migrar em peso para a cultura do milho.

Com o exposto, pode-se observar que espécies de pragas consideradas importantes para um cultivo também podem afetar outros. Dessa maneira, as estratégias de controle devem considerar o sistema de produção na totalidade, e não somente o manejo de um cultivo isolado. 

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Considerando todos os estresses que podem atingir as plantas nos estádios iniciais de desenvolvimento, é fundamental proporcionar condições para que elas possam enfrentá-los sem grandes perdas na produtividade. Assim, além de escolher o material genético mais adequado, acertar a janela de semeadura, disponibilizar os nutrientes necessários e controlar as daninhas, também é essencial a realização do tratamento de sementes.

O tratamento de sementes é uma ferramenta poderosa para garantir o vigor das plantas, podendo ser um fator crucial para o sucesso da lavoura, protegendo desde a germinação, ajudando a preservar as raízes e a parte aérea da planta logo após a emergência. Essa etapa, muitas vezes, diminui a necessidade de pulverizações nas plantas recém-emergidas, prática que não costuma ser muito eficiente devido à dificuldade de atingir o alvo por conta da área foliar reduzida. Ademais, o tratamento de sementes requer menor quantidade de ingrediente ativo do que aplicações em sulco de plantio, reduzindo o custo de produção.

Além disso, como estratégia de defesa aos estresses, as plantas podem responder com a chamada “evitância”, na qual evitam o estresse por meio da formação prévia de um sistema radicular profundo e ramificado, mais eficiente na absorção de água e nutrientes, tornando os vegetais mais resilientes. Nesse sentido, diante de um cenário de instabilidade climática, a utilização de bioestimulantes no tratamento de sementes também pode contribuir para que as plantas passem pelo período crítico de desenvolvimento o mais rápido possível, além de estarem mais preparadas para eventuais estresses iniciais.

No que diz respeito às pragas, tendo em vista o cenário complexo do sistema produtivo, é necessário adotar uma série de estratégias de manejo integrado para seu controle, dentre elas:

  • identificar e erradicar tigueras;
  • fazer dessecação pré-plantio;
  • fazer o monitoramento contínuo da lavoura à procura de cigarrinhas e percevejos, começando antes mesmo do plantio;
  • evitar semeaduras próximas a áreas com alta incidência das pragas;
  • evitar o escalonamento do plantio, bem como plantios tardios;
  • diversificar cultivares de milho;
  • utilizar cultivares resistentes, quando possível;
  • evitar o cultivo sucessivo de milho;
  • rotacionar culturas não hospedeiras.

Aliada a essas estratégias, a realização do tratamento de sementes com inseticidas é imprescindível para proporcionar um controle inicial efetivo.

Tratamento de sementes para proteger o milho dos desafios iniciais

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Essa formulação proporciona um bom estabelecimento da cultura, gerando maior uniformidade de estande e maior arranque inicial, além de estimular um melhor enraizamento, permitindo maior absorção de água e nutrientes e preparando a planta para enfrentar os estresses bióticos e abióticos.

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