Uma das principais estratégias de boas práticas agrícolas realizadas na cultura brasileira de soja é o período chamado vazio sanitário. Ao final da colheita da oleaginosa, fica estabelecido um prazo de 90 dias, durante o qual é proibido plantar qualquer outra cultura vegetal. Além disso, o produtor precisa destruir as plantas por meio de métodos físicos ou da aplicação de produtos químicos.

Essa estratégia visa reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) na entressafra e, assim, atrasar a ocorrência da doença. Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), 13 estados brasileiros, o Distrito Federal e o Paraguai cumprem a recomendação fitossanitária.

Além do vazio sanitário, outra importante estratégia para auxiliar o produtor no manejo adequado da lavoura é o calendário da semeadura do grão, que determina a data-limite para semear a soja na safra. Essa medida foi estabelecida em sete estados produtores de soja, através de normativas estaduais. O objetivo da calendarização é minimizar o número de aplicações de fungicidas ao longo da safra e, consequentemente, a pressão de seleção de resistência da ferrugem asiática aos fungicidas.

É importante destacar que ambos os processos são fundamentais para reduzir e controlar a ocorrência do fungo causador da doença, iniciativa que surgiu em 2001, quando o parasita foi identificado pela primeira vez. Nesse sentido, as principais ações estabelecidas foram de ordem preventiva (vazio sanitário), curativa (aplicação de fungicidas) e biotecnológica (desenvolvimento de cultivares resistentes).

Produção em destaque

Considerando os números da safra 2020/21 de soja, divulgados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em agosto, estima-se que o Brasil alcance uma produção de 135,9 milhões de toneladas em 38,5 milhões de hectares plantados. A partir dos dados produtivos e econômicos observados nos últimos ciclos, ficou comprovado que as ações fitossanitárias integradas contribuíram para controlar a disseminação da ferrugem asiática.

Outra iniciativa importante são as informações disponibilizadas pelo ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático). A metodologia desenvolvida pela Embrapa e parceiros oferece indicações de datas ou períodos de semeadura (por cultura ou município), considerando três características primordiais: clima, tipo de solo e ciclo de cultivares.

Assim, o agricultor tem acesso a informações mais detalhadas para compor o planejamento de cultivo das culturas. Recentemente, o Diário Oficial da União publicou portarias atualizadas do ZARC (110 a 125) com as informações referentes à safra 2021/22 para o cultivo de soja.

Calendário diferenciado

Conforme citado anteriormente, a prática de adoção do vazio sanitário aliada à calendarização da semeadura são determinantes no manejo da ferrugem asiática. Ao definir um período padrão para o plantio, é possível reduzir o número de aplicações de fungicidas ao longo da safra e, consequentemente, evitar que doenças como essa criem resistência aos produtos químicos.

Semeaduras tardias de soja podem receber inóculo já nos estádios iniciais, exigindo a antecipação da aplicação de fungicidas e  demandando maior número de aplicações. Isso significa maior exposição aos fungicidas, aumentando a chance de acelerar o processo de seleção de populações resistentes a essas moléculas.

Levando em conta as características edafoclimáticas das regiões que se destacam na produção de soja, foram estabelecidos prazos diferentes para os períodos de vazio sanitário e calendário de semeadura.

Confira as informações referentes a algumas das principais regiões produtoras de soja no Brasil:

  • Mato Grosso: maior produtor de soja do país, concluiu a safra 2020/21 com 35,9 milhões de toneladas colhidas. Ao lado do Mato Grosso do Sul e de Goiás, foi pioneiro na adoção do vazio sanitário, que vai de 15 de junho a 15 de setembro.

  • Paraná: o estado totalizou 19,8 milhões de toneladas produzidas na última safra em uma área de 5,6 milhões de hectares. Na região, o vazio sanitário começou a ser praticado em 10 de junho e terminará em 10 de setembro.

  • Goiás: com uma produção de 13,7 milhões de toneladas na safra 2020/21, Goiás também apresentou um período de descanso diferenciado. Na localidade, o vazio sanitário começou em 1 de julho e terminará em 30 de setembro.

  • Mato Grosso do Sul: apesar de enfrentar adversidades climáticas, como estiagem prolongada, a produção sul-mato-grossense alcançou recentemente 11,9 milhões de toneladas produzidas. Em relação ao vazio sanitário, o período vai de 15 de junho a 15 de setembro.

É fundamental que o produtor se mantenha informado e procure sempre adotar as melhores estratégias no manejo da lavoura.

Perspectivas  2021/22

Em síntese, as medidas fitossanitárias adotadas pelo setor agrícola nacional contribuíram para o aumento da performance na produção da soja. Segundo o levantamento recente feito pela Conab,  as primeiras estatísticas referentes ao quadro de oferta e demanda para a safra seguinte (produção, consumo, importação, exportação e estoque) 2021/22 são otimistas.

De acordo com a pesquisa, a estimativa permanece positiva com um aumento de 3,9% na produção, ou seja, espera-se produzir 141,26 milhões de toneladas de soja em 2022. Com a expectativa dos esmagamentos devem passar de 46,50 milhões de toneladas em 2021 para 51,47 em 2022. Já no âmbito internacional, a estimativa também segue positiva devido ao aumento da demanda chinesa e câmbio elevado: as exportações devem passar de 83,42 milhões de toneladas para 87,58, em 2022. Em relação à rentabilidade, espera-se que os preços em 2022 sejam próximos aos de 2021, que foram bons, chegando a bater recorde no preço pago pela saca. Portanto, as expectativas são positivas. 

 

E falando em soja, vem aí a segunda temporada do evento “DE PRODUTOR PARA PRODUTOR”, que acontecerá dia 30 de setembro às 19 horas (horário de Brasília), no canal do YouTube da Syngenta.

O evento tem como principal objetivo contribuir para que o sojicultor extraia o máximo das próximas safras e, para isso, propõe conversas online, mostra tendências climáticas e dados importantes sobre o mercado.

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