{"id":9557,"date":"2023-09-14T17:37:00","date_gmt":"2023-09-14T20:37:00","guid":{"rendered":"https:\/\/maisagro.syngenta.com.br\/syngenta\/cana-e-o-futuro-mme-sugere-aumentar-teor-de-etanol-na-gasolina\/"},"modified":"2024-07-24T15:09:11","modified_gmt":"2024-07-24T18:09:11","slug":"cana-e-o-futuro-mme-sugere-aumentar-teor-de-etanol-na-gasolina","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/maisagro.syngenta.com.br\/mercado-e-safra\/cana-e-o-futuro-mme-sugere-aumentar-teor-de-etanol-na-gasolina\/","title":{"rendered":"Cana \u00e9 o futuro? MME sugere aumentar teor de etanol na gasolina"},"content":{"rendered":"

A problem\u00e1tica das mudan\u00e7as clim\u00e1ticas j\u00e1 \u00e9 assunto oficial da ONU (Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas) desde 1992. A partir de 95, os pa\u00edses-membros passaram a se reunir anualmente na COP (Confer\u00eancia das Partes), para discutir e atualizar as decis\u00f5es sobre o clima. Em 2022, a COP27<\/a> deliberou categ\u00f3ricas metas globais para mitigar a emiss\u00e3o de GEE (Gases de Efeito Estufa) e substituir as fontes f\u00f3sseis de energia por renov\u00e1veis. Ent\u00e3o, os pa\u00edses passaram a ampliar suas estrat\u00e9gias, o que culmina na proposta recente do MME (Minist\u00e9rio de Minas e Energia) de aumentar o teor de etanol na gasolina<\/strong>.<\/p>\n

Em um artigo da central de conte\u00fados Mais Agro, publicado em mar\u00e7o de 2023, discutimos a rela\u00e7\u00e3o entre essa transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica global <\/strong>e a produ\u00e7\u00e3o de cana-de-a\u00e7\u00facar brasileira<\/a>. O Brasil, como segundo maior produtor de etanol do mundo<\/strong>, tem importante protagonismo na estrat\u00e9gia de evolu\u00e7\u00e3o mercadol\u00f3gica dos biocombust\u00edveis e \u00e9 guiado pelo programa de descarboniza\u00e7\u00e3o RenovaBio, que incentiva mudan\u00e7as na ind\u00fastria e no consumo, ampliando a import\u00e2ncia da canavicultura.<\/p>\n

Como uma introdu\u00e7\u00e3o ao assunto, recomendamos fortemente a leitura do artigo mencionado no par\u00e1grafo anterior, que elucida sobre a posi\u00e7\u00e3o estrat\u00e9gica do setor sucroenerg\u00e9tico<\/strong> para o alcance das metas e as possibilidades que o produtor de cana-de-a\u00e7\u00facar tem para se consolidar como um ator dessas mudan\u00e7as e promover a valoriza\u00e7\u00e3o do seu produto, com benef\u00edcios para sua rentabilidade.<\/p>\n

Para dar continuidade \u00e0 discuss\u00e3o, trataremos, neste artigo, do an\u00fancio da proposta de aumentar a porcentagem de \u00e1lcool na gasolina<\/strong>, como uma estrat\u00e9gia para alcan\u00e7ar a independ\u00eancia energ\u00e9tica no pa\u00eds. Al\u00e9m disso, ser\u00e3o abordados o hist\u00f3rico legal e os par\u00e2metros que endossam a relev\u00e2ncia \u2013 ou n\u00e3o \u2013 dessa medida, considerando a agroind\u00fastria, a mobilidade urbana e o setor automotivo, que sofrer\u00e3o impactos diretos, caso ela seja realmente institu\u00edda.<\/p>\n

Adi\u00e7\u00e3o de etanol na gasolina: qual a proposta em 2023?<\/h2>\n

A gasolina brasileira est\u00e1 entre as que cont\u00eam maior teor de etanol<\/strong> e, ao que tudo indica, a tend\u00eancia \u00e9 que cres\u00e7a ainda mais. Foi o que anunciou o ministro de Minas e Energia em 28 de abril, na 6\u00aa Safra Mineira de Cana-de-A\u00e7\u00facar. A ideia j\u00e1 vinha sendo discutida nos bastidores por ambientalistas e produtores de biocombust\u00edveis.<\/p>\n

A proposta est\u00e1 em fase de an\u00e1lise, e vai ser estudada por um grupo de trabalho dentro do CNPE (Conselho Nacional de Pol\u00edtica Energ\u00e9tica). Os respons\u00e1veis se debru\u00e7ar\u00e3o sobre a avalia\u00e7\u00e3o dos impactos do aumento da propor\u00e7\u00e3o de \u00e1lcool na gasolina<\/strong>, no que tange \u00e0 emiss\u00e3o de CO2, \u00e0 performance dos motores automotivos e aos poss\u00edveis benef\u00edcios econ\u00f4micos<\/a>, pela diminui\u00e7\u00e3o da necessidade de importa\u00e7\u00e3o de gasolina.<\/p>\n

Inicialmente, a pretens\u00e3o \u00e9 de que a gasolina comum passe a ser comercializada com 30% de etanol anidro<\/strong> em sua composi\u00e7\u00e3o, com um aumento gradual ao longo dos pr\u00f3ximos anos. Com essa altera\u00e7\u00e3o, estima-se evitar que 2,8 milh\u00f5es de toneladas de CO2 sejam emitidas por ano, em virtude da diminui\u00e7\u00e3o do consumo da gasolina \u2013 combust\u00edvel f\u00f3ssil derivado do petr\u00f3leo altamente poluente, que faz parte das metas definidas para frear as mudan\u00e7as clim\u00e1ticas.<\/p>\n

O teor de etanol na gasolina<\/strong> foi alterado pela \u00faltima vez em 2015, passando de 25% para 27,5%. A altera\u00e7\u00e3o n\u00e3o causou danos nos motores flex brasileiros, mas h\u00e1 pol\u00eamica sobre a possibilidade de o novo aumento afetar seu funcionamento. A maior preocupa\u00e7\u00e3o est\u00e1 para motores \u00e0 gasolina em ve\u00edculos importados, que n\u00e3o possuem a tecnologia necess\u00e1ria para rodar com esse alto teor de etanol anidro.<\/p>\n

De toda forma, esses tr\u00eas pontos percentuais a mais elevar\u00e3o a demanda interna pelo biocombust\u00edvel. Segundo o Jornal da Cana, teriam que ser produzidos pelo menos 1,3 bilh\u00f5es de litros a mais de etanol anidro por ano, favorecendo a produ\u00e7\u00e3o de cana-de-a\u00e7\u00facar<\/strong>, a agroind\u00fastria, a diminui\u00e7\u00e3o dos pre\u00e7os ao consumidor final, a qualidade do ar nos grandes centros urbanos, al\u00e9m de, \u00e9 claro, os dois objetivos principais: a independ\u00eancia e a transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica.<\/p>\n

Hist\u00f3rico e legisla\u00e7\u00e3o: por que o teor de \u00e1lcool na gasolina brasileira \u00e9 um dos maiores do mundo?<\/h2>\n

\"adi\u00e7\u00e3o

Quando o assunto \u00e9 porcentagem de \u00e1lcool na gasolina<\/strong>, o Brasil se destaca \u2013 n\u00e3o \u00e0 toa inventamos o motor flex, exatamente para que a motoriza\u00e7\u00e3o se adequasse aos padr\u00f5es energ\u00e9ticos. N\u00e3o \u00e9 arriscado afirmar que o pa\u00eds talvez seja o \u00fanico a adotar a gasolina E27 (27% etanol), e estamos rumo \u00e0 E30 \u2013 quem diria?!<\/p>\n

Nos EUA, a quantidade de etanol anidro na gasolina<\/strong> \u00e9 de at\u00e9 10% (em volume), mistura conhecida como gasolina E10, amplamente utilizada nos EUA e compat\u00edvel com a maioria dos ve\u00edculos produzidos a partir dos anos 1980. J\u00e1 na Europa, a maioria dos pa\u00edses europeus permite uma concentra\u00e7\u00e3o de at\u00e9 5% (gasolina E5).<\/p>\n

Pa\u00edses como Alemanha, Fran\u00e7a, B\u00e9lgica e Finl\u00e2ndia, no entanto, t\u00eam adotado misturas com teores mais elevados de etanol<\/strong>, geralmente E10. Al\u00e9m disso, alguns pa\u00edses europeus tamb\u00e9m oferecem gasolina sem etanol (E0), para atender \u00e0s necessidades de ve\u00edculos mais antigos ou de cole\u00e7\u00e3o que n\u00e3o s\u00e3o compat\u00edveis com misturas de etanol.<\/p>\n

No Brasil, por outro lado, a mistura \u00e9 obrigat\u00f3ria desde 1931, quando se adotou a gasolina E5. Desde ent\u00e3o, o teor de etanol anidro na gasolina<\/strong> s\u00f3 aumenta, em fun\u00e7\u00e3o das pol\u00edticas energ\u00e9ticas, ambientais, do mercado de combust\u00edveis e da performance das lavouras de cana-de-a\u00e7\u00facar. A seguir, mostramos uma linha do tempo da evolu\u00e7\u00e3o da adi\u00e7\u00e3o de \u00e1lcool na gasolina:<\/p>\n